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Sugeri que a CBF fizesse um contrato de cinco anos com o técnico Carlo Ancelotti, justamente por entender que um trabalho de médio prazo pode dar resultado. Embora eu saiba que a Copa do Mundo se define em três jogos, já que a primeira fase e as oitavas não valem nada, pois os adversários são desqualificados, eu não acredito em título em 2026.
Vendo as outras seleções do nosso tamanho jogarem, percebo que não há nenhum “bicho papão”, mas, ao mesmo tempo, vejo a organização de Portugal e Espanha, a força da Inglaterra, o futebol solto da Holanda e a garra dos argentinos, atuais campeões do mundo. Já nossa Seleção está bem abaixo das citadas e, a não ser que haja uma zebra, deveremos voltar para casa, novamente, nas quartas de final.
Temos uma “molecada” boa do meio para a frente, mas, exceto Vini Júnior, todos os outros jogadores são coadjuvantes em seus clubes, e, com coadjuvantes, não se ganha Mundial. No passado tínhamos Roberto Carlos, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, todos protagonistas em seus clubes. Aí estava a diferença e a certeza de que ganharíamos a Copa.
Reconheço em Ancelotti um grande treinador, mas bato na tecla de que com times menores e sem os bilhões dos gigantes europeus, ele fracassou, como no Napoli, no Everton e por aí vai. Ganhou em todas as Ligas com os grandes times.
Outra coisa: por que ele não foi dirigir a seleção italiana, que anda caindo pelas tabelas e corre o risco de ficar fora de mais um Mundial? Como técnico italiano e vencedor, seria o mais coerente.
Gosto de ser otimista, mas, no caso do time canarinho, que conheço como poucos, por ter rodado o planeta em 45 anos de cobertura, estou muito cético. Conversando com o coordenador de Seleções da CBF, Rodrigo Caetano, depois da derrota para o Japão, ele me disse que acha Marquinhos, Raphinha, Magalhães, Bruno Guimarães e Rodrygo protagonistas em suas equipes. Disse a ele que respeito muito sua opinião, mas discordo veementemente. Acho todos ótimos jogadores, mas coadjuvantes.
No PSG protagonistas são Dembelé, eleito melhor do mundo, e Vitinha. No Barcelona, Lamine Yamal e não Raphinha. Marquinhos já entregou o Brasil em duas Copas, Bruno Guimarães e Rodrygo não são os astros principais de suas equipes. Mantenho a minha opinião de que só Vini Júnior é nossa estrela.
Por que Ancelotti não quer renovar antecipadamente? Porque ele tem medo de o Brasil ser um fiasco na Copa do Mundo e decepcionar o povo brasileiro. Eu sempre disse que o nosso problema não é treinador e sim jogador de qualidade. Se pusessem Vanderlei Luxemburgo no comando, ele faria um trabalho melhor que o técnico italiano.
Luxa conhece a essência do nosso futebol, a matéria prima, e sabe tirar o máximo de cada jogador. Ancelotti é a grife da moda, embora eu o respeite e goste muito de seu trabalho, mas nosso drama é a falta de qualidade dos atletas. Muita máscara e pouca bola.
Me acostumei a viajar, a ser amigo, a frequentar a casa de Roberto Carlos, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho. Era outra época, em que dividíamos com essas feras, as derrotas e também as vitórias e conquistas. Eles gostavam da gente, nos respeitavam. A entrevista exclusiva era marcada entre nós mesmos, sem passar por assessores (aspones).
Hoje quase não existe mais a exclusiva, exceto para a TV Globo, que sempre teve privilégios e continua tendo, e os jogadores se acham acima do bem e do mal. Se acham astros de Hollywood, quando na verdade estão mais para figurantes e não protagonistas.
Tomara que eu esteja enganado e que o Brasil vá bem longe no Mundial, quem sabe, até decidindo a taça. Se isso acontecer, será uma das grandes zebras da história, mesmo o Brasil sendo sempre um dos favoritos.
E para fechar, torço para que Neymar entenda que o time precisa do seu talento, de sua qualidade e de sua genialidade. Que ele treine forte nesses oito meses que antecedem o Mundial e possa ser o craque, o diferente, o protagonista. Se até hoje não fez um grande jogo contra uma seleção do nosso tamanho, que consiga fazer na Copa de 2026, pois não há dúvida de que ele estará no grupo. Mas vai precisar entrar em forma, estar focado e fininho, para dar o seu melhor em campo.
Do meio para a frente temos bons jogadores. Nosso grande problema é do meio para trás. Não temos laterais, os zagueiros ainda são uma incógnita e não temos um goleiro confiável. Fábio, aos 45 anos, ainda é o melhor de todos, mas o etarismo não permite que Ancelotti o chame, o que é um grave erro, pois goleiro, quanto mais velho e mais experiente, melhor é.
Vejam bem, quero muito o Brasil campeão, mas, nesta geração, para 2026, eu não acredito!
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.