Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho
coluna do jaeci

Mudar a regra do jogo durante a competição é amadorismo

A CBF deveria cuidar só da Seleção, coisa que tem feito muito mal, mantendo na comissão técnica profissionais despreparados

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O presidente da CBF, o médico Samir Xaud, que não é do mundo da bola e, pelo jeito, pouco entende de futebol, mudou a regra do jogo durante a competição. Inverteu o calendário, antecipando o fim do Brasileirão e estendeu a Copa do Brasil até perto do Natal. Com isso, desagradou alguns times, caso do Flamengo, que foi prejudicado, já que está fora da competição de mata-mata e teria semanas livres para treinar, pois disputa o Brasileirão e a Libertadores.


Com a mudança, os jogos estarão encavalados. Isso vai prejudicar o trabalho da comissão técnica e jogadores. O mesmo acontecerá com Cruzeiro e Palmeiras, que disputam a taça do Brasileirão com o rubro-negro. Não gosto de dirigente que gosta de fazer média com determinados segmentos. A CBF deveria tratar seus filiados com isonomia, sem privilégio para A ou B. Esse papo furado de que a mudança é benéfica para o futebol brasileiro não cola mais.


Além disso, não há mais sentido no “Mundial de Clubes" em dezembro. A Fifa criou o verdadeiro Mundial com 32 clubes, que teve sua primeira edição nos Estados Unidos neste ano e terá a segunda, em 2029, em local a ser definido.


Com isso, a competição que era o antigo Mundial está esvaziada, a ponto de ninguém saber onde vai acontecer. Catar, Japão, Arábia? Não nos importa mais. O Mundial de Clubes, de quatro em quatro anos, teve em sua primeira edição um grande sucesso e chegou para ficar, com alguns ajustes pontuais. Mudar um calendário vigente só para agradar alguns clubes, por causa de um “Mundial” que não faz o menor sentido, é, no mínimo, amadorismo.


O campeão do mundo em 1994, Leonardo, em entrevista ao programa do narrador Galvão Bueno, na Band, foi taxativo ao dizer que “na Europa, grande centro do futebol, as competições brasileiras não têm a menor importância, e que o Brasil está léguas atrás”. É uma verdade que nos incomoda, mas que tem que ser dita. Leonardo lembrou que não há um técnico brasileiro trabalhando no Velho Mundo, ao passo que, no Brasil, há vários europeus e argentinos atuando, sem contar que o técnico da Seleção Brasileira é italiano.


Claro que há algo errado no nosso futebol. Para essa geração “nutella”, Vanderlei Luxemburgo, Leão e outros grandes treinadores não servem mais por estarem com mais de 70 anos. Ao invés de valorizarmos isso, a gente prefere jogar no lixo. Que técnico, no mundo, tem a capacidade de Luxemburgo? Engana-se quem diz que ele fracassou no Real Madrid, pois pegou o time merengue com 10 pontos atrás do Barça, no returno, e chegou na última rodada tirando a diferença de seis pontos. O Barça foi campeão com quatro pontos à frente do Real.


Luxa fez um trabalho espetacular, e eu, que fiquei três meses com ele lá, convivendo com Zidane, Raúl, Figo, Beckham, Ronaldo e Roberto Carlos, pude ouvir dos estrangeiros que eles nunca treinaram tanto e nunca conheceram um técnico tão inteligente e capaz. Figo, em entrevista exclusiva a mim, que exibimos na TV Alterosa, confirmou tudo isso. Mas, para os brasileiros, Luxemburgo não serve, enquanto Ancelotti, com quase 70 anos, é perfeito. Por isso, não iremos mais a lugar nenhum. Esqueçam Copa do Mundo, não ganharemos mais!


A CBF deveria cuidar única e exclusivamente da Seleção Brasileira, coisa que tem feito muito mal, mantendo na comissão técnica profissionais despreparados e perdedores. O novo presidente deveria ter feito uma mudança geral, mas preferiu elogiar e tirar foto com gente que está lá há várias copas marcadas por derrotas.


Os clubes não conseguem se unir, formar uma liga e decidir seus próprios destinos. Os dirigentes são egoístas, com alguns até mesmo vivendo às custas dos clubes, como foi diagnosticado no Corinthians, com a expulsão de Augusto Melo. O futebol brasileiro involuiu e tornou-se de quinta categoria. É difícil assistirmos a um grande jogo. E, para piorar, com a independência financeira de Flamengo e Palmeiras, estamos virando um Campeonato Espanhol, no qual só duas equipes ganham, e, esporadicamente, entra um intruso no meio.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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