
Idolatria
Os ex-jogadores são mais aplaudidos e procurados do que os atuais. O Mundial de Clubes mostrou isso, claramente
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Nova York – O ex-lateral esquerdo do Real Madrid e Seleção Brasileira Roberto Carlos foi um dos mais assediados nessa Copa do Mundo. Com um carisma impressionante, e sempre sorrindo e tratando bem o torcedor, não parou de autografar camisas e tirar fotos no MetLife Stadium, antes, durante e depois do jogo PSG 4 x 0 Real Madrid. E a maioria dizia que ele poderia voltar a jogar na vaga de Fran Garcia, lateral-esquerdo dos mais fracos do Real Madrid. Roberto é embaixador e diretor do Real Madrid desde que parou de jogar. Para ele, o clube vive um novo período, de transição, inclusive de treinador, e é preciso ter paciência. Sabe, porém, que o Real Madrid tem sempre que estar no topo e ganhar os troféus. A cobrança é gigantesca e o presidente, Florentino Perez, um dos maiores admiradores de Roberto Carlos, é exigente ao extremo. Ele contrata quem os treinadores pedem, mas cobra os resultados e não têm muita paciência. Mesmo sendo Xabi Alonso, novo técnico, ex-jogador do Real Madrid, se os resultados não acontecerem, nada feito, a torcida pedirá sua cabeça e o presidente atenderá.
Gilberto Silva
Dos ex-jogadores brasileiros, convidados pela Fifa em todos os eventos importantes, o que mais chama a atenção do presidente, Gianni Infantino, é o mineiro Gilberto Silva. Com cursos na Europa, Uefa e na própria Fifa, Gilberto se preparou, já foi diretor esportivo de clube grego e hoje é um dos homens da confiança de Infantino. Faz parte do seleto grupo de seis ex-jogadores que estão observando o Mundial de Clubes, com sugestões e críticas para que haja melhoras no Mundial de 2029, ainda sem lugar definido, podendo ser realizado até no Brasil. Comandados pelo ex-técnico Arsena Wenger, Gilberto Silva e seus seis colegas têm trabalhado muito nesse Mundial, pois a cada jogo vários pontos são observados, principalmente no quesito de tempo de bola rolando. A Fifa tem a intenção de aumentar o tempo em que a bola rola, pois com isso o espetáculo fica mais dinâmico e o torcedor é quem ganha. É sabido que na Europa a bola rola quase 80 minutos, ao passo que no Brasil essa média cai para 50 minutos, o que é quase metade do tempo de jogo. Aqui no Mundial, a bola rolou quase 90% do tempo, o que é um ponto bastante positivo.
Imprensa escanteada
Neste Mundial de Clubes, optei por estar nos camarotes e Vips Lounge, até para reencontrar ex-jogadores com quem convivi a vida toda, e os europeus, com quem fiz amizade na Copa do Catar. Convidado por alguns deles e pela Fifa, percorri vários lounges e percebi o tratamento top que a Fifa dá aos seus convidados. Quarta-feira, resolvi dar um pulo na tribuna de imprensa do MetLife e não gostei nada do que vi. Os jornalistas são colocados num córner, na lateral do gol, onde a visão do campo é bastante prejudicada. Sei que não é culpa da Fifa, pois o estádio está pronto há anos, e é ali que a imprensa americana fica nos jogos do futebol americano, mas é preciso que na Copa do Mundo, ano que vem, a Fifa perceba esse problema e corrija, para que os jornalistas possam ficar na linha do meio-campo e tenham visão total do espetáculo. Além disso, transporte gratuito, trens e ônibus, almoços, refrigerantes e águas, gratuitos, como sempre acontece em competições organizadas pela Fifa. Não foi isso o que vimos na Copa do Mundo de Clubes. A imprensa ficou bem escanteada, e isso precisa ser corrigido para o ano que vem.
Renato bem avaliado
Que Renato Gaúcho é um baita treinador e tem estrela, todos nós já sabemos, mas ele saiu desse Mundial, gigante. Autoridades esportivas, ex-jogadores e até o presidente da Fifa ficaram impressionados com o desempenho do Fluminense e atribuíram tudo isso ao trabalho do treinador brasileiro. Há quem defenda na CBF, Renato como técnico da Seleção, caso Ancelotti não dê certo, e é muito provável que isso aconteça, pois a nova diretoria gosta muito do trabalho do treinador. Bom de vestiário, adorado pelos jogadores, Renato consegue aglutinar e ter os atletas nas mãos. Foi muito bem nos jogos contra Inter de Milão e Al-Hilal, e cresceu no conceito dos seus pares. Tive o prazer de conversar com ele nesse Mundial, entender suas ideias e apoiá-lo. Além de amigo de três décadas, é um cara que entende muito de futebol e que teve nesse Mundial o aprendizado que lhe faltava. O Fluminense, considerado o “patinho feio”, por ter menos recursos que Flamengo, Botafogo e Palmeiras, foi o clube mais longevo na competição e o que saiu mais gigante daqui, junto com Renato e Fábio, dando orgulho aos seus torcedores.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.