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Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho

Os favorecidos de hoje serão os prejudicados de amanhã

E não há onde reclamar, pois o árbitro não vai voltar atrás, a partida não será invalidada e a sujeira será jogada para debaixo do tapete

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A velha “Lei de Gérson” continua em ação no futebol brasileiro. Levar vantagem a qualquer preço é o lema de dirigentes amadores e de técnicos e jogadores que não se importam com uma boa conduta. Gosto muito de conversar com meu amigo Muricy Ramalho, técnico dos mais vencedores do país, um cara ímpar, da escola do mestre Telê Santana, assim como eu. Fiquei indignado, assim como todos os jornalistas sérios e imparciais, com o que o péssimo árbitro Flávio Rodrigues de Souza fez contra a São Paulo, ao marcar um pênalti inexistente em Vitor Roque. Aliás, ele já havia feito lambança num jogo Vitória x Fluminense, e foi afastado por um período. Esses afastamentos que dão em nada e são para “inglês ver”. Para quem não sabe, o São Paulo está muito mal, financeiramente, e vive um período conturbado, contratando jogadores praticamente de graça. É um clube e que tem um presidente sério, honesto, e que tem em Muricy Ramalho o seu grande suporte.

Conversei com Muricy na manhã de ontem. Ele estava indignado, P da vida, pois o trabalho dos últimos três meses foi jogado no lixo por um erro imbecil do árbitro. “Meu amigo Jaeci, a gente só tem a lamentar, e você tem toda a razão quando diz que estamos na lama no nosso futebol. A gente trabalha sério, com toda a dificuldade que o São Paulo está passando, e um erro grosseiro desse nos tira de uma final que seria muito importante pelo momento que vivemos”. Muricy está corretíssimo. Quando jantamos em Orlando, durante a pré-temporada, ele me disse das dificuldades do time paulista e da luta dele, Milton Cruz e do presidente Júlio Casares, homem muito íntegro e sério, coisa rara no futebol brasileiro, para manter o São Paulo competitivo. Aí vem um desqualificado, junto com o VAR, e estraga o trabalho do começo de temporada. E não há onde reclamar, pois o árbitro não vai voltar atrás, a partida não será invalidada e a sujeira será jogada para debaixo do tapete, como fazem as federações e a CBF.
O prejudicado da vez foi o São Paulo, mas amanhã poderá ser o Palmeiras, o Flamengo ou outra equipe qualquer. O que me deixa triste é perceber que o técnico Abel Ferreira, que tanto reclama da arbitragem, fique caladinho quando o erro o favorece. Ele ainda teve a petulância de dizer que houve a penalidade. É aquele velho ditado: “pau que dá em Chico, dá em Francisco”. Espero não vê-lo reclamar quando o Palmeiras for prejudicado, o que, sem dúvida, vai acontecer, pois os péssimos e mal preparados árbitros erram contra e a favor, todo dia. Não posso acreditar que sejam venais, pois eu teria que provar, mas que são os piores do planeta bola não tenho a menor dúvida. Não vi a melhor presidente de clubes do país, Leila Pereira, dizer que seu clube foi favorecido. É o mínimo que esperamos de uma dirigente tão correta como ela, de quem sou fã. Na Europa, há alguns anos, um zagueiro foi sair com a bola dominada, sentiu a coxa e caiu. O atacante adversário pegou a bola e se dirigiu ao gol. Porém, em fração de segundos, pensou que estava levando vantagem sobre um companheiro de profissão caído e sem condições de disputar a bola. Imediatamente, parou a jogada para o atendimento ao jogador adversário. Isso se chama respeito, ética, caráter. Mas ele é europeu e isso está enraizado na sua cultura. Infelizmente, nós, brasileiros, queremos sempre levar vantagem.
Se um caminhão, lotado de carne, tomba na Europa, todos correm para socorrer o motorista. No Brasil, correm para saquear a carga. Entenderam a mensagem? Exatamente por isso as coisas não dão certo no país, e não seria diferente no futebol, que só é um mundo à parte na questão dos salários absurdos e irreais que os clubes pagam, mesmo sem ter dinheiro e devendo até as cuecas, caso do Corinthians.
Nunca é demais lembrar que os favorecidos de hoje serão os prejudicados de amanhã. Os erros dos árbitros brasileiros são grotescos, gigantescos e crassos, e não comemore chegar a uma final de forma irregular, pois você será o próximo a sofrer com essa péssima arbitragem. Muricy mesmo sofreu na pele a perda do pentacampeonato brasileiro pelo Internacional – sim, Muricy é tetracampeão, três vezes com o São Paulo e uma com o Fluminense –, quando o árbitro Márcio Rezende de Freitas deixou de marcar um pênalti do goleiro do Corinthians, Fábio Costa, em Tinga, em 2005, e ainda expulsou o jogador do Inter. Aliás, 2005 ficou marcado pela “Máfia do Apito”, quando pegaram o árbitro Edilson Pereira de Carvalho com a “boca na botija”, e ele confessou a falcatrua! Portanto meu caro Abel Ferreira, não me venha reclamar do árbitro quando seu Palmeiras for prejudicado, o que certamente irá acontecer. Ninguém vai te dar ouvidos, já que você teve a chance única de mostrar sua imparcialidade se tivesse afirmado que não houve a penalidade na segunda-feira. Se fosse em Portugal, você confessaria, mas, no Brasil, acredito que já esteja contaminado pela “Lei de Gérson”, levar vantagem a qualquer preço, mesmo que isso custe o emprego de um colega seu ou mesmo a derrocada de uma equipe que tenta se reestruturar, com as dificuldades financeiras, caso do campeoníssimo São Paulo. É triste, minha gente, tal constatação e o futebol brasileiro nos enoja a cada dia.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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