
Futebol de quinta e clubes quebrados
Os dirigentes são tão amadores e vaidosos que não conseguem sequer formar uma liga
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O futebol brasileiro continua repatriando “ex-jogadores em atividade”, pagando salários irreais e escondendo os garotos promissores das categorias de base. Sim, quando você contrata um jogador de 33, 34, 38 anos, você está dizendo ao jovem de 18, 19 anos que não há vaga para ele no seu time. E o pior: pagando salários que nem a Europa quer pagar mais a esses veteranos. Não se iludam: quando um time europeu manda um jogador embora é porque já “chupou todo o caldo da laranja e nos mandou apenas o bagaço”.
Dos renegados que tomaram de 7 a 1 da Alemanha, no maior vexame de nossa história, 10 estão de volta ao futebol brasileiro, ganhando fortunas e produzindo quase nada. Para sermos justos, apenas Hulk tem justificado o salário e o investimento nele feitos. No mais, os outros são um fracasso só, a começar com Fernandinho, que rebaixou o Athletico-PR. Fernandinho entregou três gols para a Alemanha e mais um para a Bélgica na Copa da Rússia em 2018.
David Luiz, no Fortaleza, é outro engodo, e por aí vai. O São Paulo, que segundo meu amigo Muricy, em jantar comigo em Orlando, me falou, não tem R$ 100 mil para despesas, mas se prontifica a pagar uma fortuna salarial por Oscar. Vão dizer que quem paga é o patrocinador, mas que é uma vergonha, isso é!
Não há outro caminho para os clubes a não ser se transformarem em empresas. Quando o clube tem um dono de verdade, ele sabe onde o “calo aperta” e vai controlar tudo, cortando os gastos e investindo dentro de sua realidade. Clubes com presidentes “amadores”, que dizem trabalhar de “graça”, por amor ao mesmo, não passam de mentiras. Já foi tempo em que dirigentes punham dinheiro do próprio bolso. Hoje, alguns, segundo denúncias, tiram dos clubes. O presidente do Corinthians tem sido acusado de escândalos, mas, apoiado por uma facção, se mantém no cargo e não deixa que haja impeachment. E assim caminha o futebol da mentira e das vaidades.
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É uma pena vermos tantos jovens das divisões de base sendo esquecidos ou negociados, antes que a torcida os conheça. Hoje não há mais as preliminares de juvenis e juniores, como havia na minha época, e nós, torcedores, conhecíamos os atletas desde a infância. Eu vi Zico jogar no Maracanã, desde que ele tinha 13 anos. O vascaíno viu o saudoso Roberto Dinamite, nos confrontos com Zico, desde os juvenis. Hoje, vários jovens talentosos saem do país e se destacam em países onde o futebol é menos valorizado, como Bélgica, Holanda e outros menos votados. Depois de se destacarem e ficarem famosos, vêm para o Brasil já com idade avançada, ganhando salários irreais.
Não me canso de bater nessa tecla. Os clubes vão quebrar, em breve, pois a bolha é gigantesca. Empurram a sujeira para debaixo do tapete para que o próximo presidente continue a cometer a irresponsabilidade de contratar, sem dinheiro, e de pagar salários irreais. Já as SAFs vão sobreviver, ganhar força e mostrar como um clube deve ser gerido, com receitas maiores que as despesas, e muita responsabilidade. Economicamente, o futebol brasileiro não pode se comparar com o europeu. O euro está 6,3 por cada real, não há a menor chance de nos igualarmos.
Quando um Corinthians, quebrado, paga R$ 3 milhões ao holandês Memphis Depay, está dando um soco na cara do torcedor e da sociedade. Um clube que deve R$ 2 bilhões, que faz “vaquinha” para pagar um estádio e que vive de ilusão. Mesmo tendo uma torcida gigantesca e apaixonada, não consegue ser gerido de forma responsável e coerente. Estou pegando o Timão como exemplo, mas, assim como ele, existem outros clubes no mesmo dilema.
Aliás, os dirigentes são tão amadores e vaidosos que não conseguem sequer formar uma liga. Há uma divisão entre eles, e cada um optou por escolher uma entre as três que existem. O Brasileirão está fatiado por emissoras que compraram os direitos das “Ligas”. Por quê não conseguimos formar apenas uma, como na Inglaterra, para que os clubes tenham uma receita gigantesca?
O futebol brasileiro está doente, carente de craques e ídolos, e de dirigentes mais responsáveis, menos vaidosos e mais verdadeiros. Vejo um oba-oba por parte de jovens, que não conheceram o verdadeiro futebol. Que acham que um jogo com 50 faltas, poucos gols e nenhuma criatividade é o verdadeiro futebol. Ledo engano. Esse é o “futebol” praticado hoje, por garotos que não sabem dominar a bola – alguns a dominam na canela –, pois hoje não se treina fundamentos, é uma triste constatação. Talvez esteja aí a explicação para estarmos há 23 anos sem ver a cor da Copa Fifa, e chegaremos a 2026 igualando o nosso maior jejum que foi de 1970 a 1994. E ainda tem gente que acredita que Neymar, aos 33 anos, há praticamente 6 anos sem jogar em alto nível, é a grande solução.
Pelo jeito, ficaremos meio século ou mais sem ganhar um Mundial, pois com esse futebol patético que praticamos, com a falta de talentos e com os amadores comandando os clubes, não vejo uma luz no fim do túnel. E, curiosamente, os estádios estão lotados. Que carência do povo brasileiro!
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E para fechar, o registro das cenas de barbárie, que estão rodando o mundo, antes da partida entre Sport e Santa Cruz, no Recife. Entra ano, sai ano, as cenas são recorrentes, a ponto de o presidente da FPF, Evandro Carvalho, dizer: “essa guerra nós já perdemos”. Ele tem razão. O Estado está dizendo que não tem como controlar a violência no “país da picanha e da cerveja”. “Faz o L”!!!!!!!