Porque perdemos o basquete em nossas vidas
Houve um esvaziamento do nosso basquete, infelizmente, e isso por falta de apoio
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Como o tempo voa. Tive mais uma prova disso no último fim de semana, mais precisamente no domingo (25/10), quando fui ao Mineirinho, ginásio que leva o nome do meu pai, Felippe Drummond, e que foi dado em homenagem à imprensa mineira. Aliás, único caso de votação unânime na história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Pois fui ao ginásio para ver e cobrir um dos maiores fenômenos do esporte, o Harlem Globetrotters, time norte-americano de basquete show. Isso mesmo, pois não é um jogo de basquete simplesmente, mas um espetáculo de coreografia, malabarismo, animação, que coloca o público em quadra, como ocorreu com Cecília, de 10 anos. Ela ficou alucinada quando uma jogadora do Globetrotters a tirou de seu assento, levou-a à quadra e a fez equilibrar, em um só dedo, claro que com ajuda, uma bola de basquete. A bola rodava em seu dedo médio, sem cair.
Só que muita coisa mudou em muitos anos. Antigamente, muito antigamente, as imagens da NBA, por exemplo, custavam a chegar aqui. Era no cinema, no famoso “Canal 100”, um jornal antes dos filmes, que mostrava imagens do basquete norte-americano, que deixava a todos fascinados. Era comum, por exemplo, quem jogava basquete comprar ingresso para ver o filme, assistir o “Canal 100” e sair, pois já tinha visto o que queria, o basquete dos EUA.
Na televisão, eram raros os lances de basquete. Somente no final dos anos 1980, início dos anos 1990, que passamos a ver jogos da NBA transmitidos ao vivo.
Antes disso, as informações eram apenas via revista, jornal. E ficava todo mundo louco pra saber o que estava acontecendo. Aí, quando se anunciava que os Globetrotters viriam a Belo Horizonte, era um “Deus nos acuda” para conseguir ingresso. Uma luta. Mas uma vez com o ingresso na mão, pronto, era o máximo. E quem tinha ingresso tripudiava em cima de quem não tinha conseguido.
E lá íamos nós, em grupo, para ver o Globetrotters. Hoje é diferente. É um espetáculo, um show. O que vemos são muitas crianças, levadas pelos pais. Alguns, nostálgicos, que viram os Globetrotters lá atrás, que nem existia ou se ouvia falar em construir o Mineirinho, foram para relembrar.
Mas estes dizem não ser a mesma coisa. Não tem o glamour que tinha antes, afinal de contas, não tem mais o ineditismo. Mas não tem importância. O que vale é a diversão e poder ver aquele malabarismo todo dentro de quadra.
O basquete é a essência do Globetrotters. E assim permanece. Divertido ver lances mirabolantes, como enterradas fantásticas, mesmo quando a regra é desrespeitada. Por exemplo: pela regra, um jogador não pode dar mais que dois passos sem quicar a bola. Eles dão três, quatro passos antes de subir para a cesta. Mas não tem importância, pois a subida, para a enterrada, é fantástica. O cara passa o peito da cesta quando salta.
E nesta curta convivência, de algumas horas com o pessoal do Globetrotters, uma constatação triste do nosso esporte. Os coordenadores me perguntaram o motivo de tão pouco interesse num jogo do Globetrotters em BH. Nem 3.000 torcedores no ginásio. Parei, pensei e cheguei à conclusão de que falta apoio ao basquete mineiro.
No passado, eram muitos clubes, principalmente na categoria adulto. Minas, Ginástico, Círculo Militar, Olympico, Mackenzie. Hoje, só permanece o Minas e chegou o Cruzeiro, aliás, sábado (1º/11), os dois clubes se enfrentarão pelo Novo Basquete Brasil (NBB), a partir de 11h, no Ginásio Dona Salomé, na sede celeste do Barro Preto.
Pois é. Houve um esvaziamento do nosso basquete, infelizmente, e isso por falta de apoio. Como gostaria de ver jogos fantásticos, como antigamente, entre Minas e Ginástico, com o ginásio lotado.
Falta isso na nossa vida esportiva e torço, rezo, para que em breve a gente tenha, novamente Ginástico, Mackenzie, Olímpico de volta na categoria adulto. Os três clubes revelam jogadores, promessas, que não tendo onde jogar aqui, vão embora. Uma pena. Se houvesse o time adulto, não precisariam ir embora.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
