Gustavo Nolasco
Gustavo Nolasco
DA ARQUIBANCADA

O futebol brasileiro está no Top 5 da hipocrisia mundial

A indignação seletiva e a arrogância de Flamengo e Palmeiras, em nível nacional, é a mesma dos outros grandes clubes brasileiros quando o recorte é regional

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Sempre que um milionário, que chega a essa condição por privilégios e/ou pela exploração das outras classes socioeconômicas, resolve levantar bandeira contra a injustiça coletiva, desconfie imediatamente.

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Sempre que Flamengo e Palmeiras começarem a criticar a arbitragem construindo a narrativa de que estão preocupados não com os próprios umbigos, mas sim com a coletividade e com os outros clubes, desconfie urgentemente.

Existem muitas formas de se analisar o problema dos erros de arbitragem no Brasil. Quase todas elas já esgotadas e repetidas exaustivamente sem que gerassem qualquer melhoria ou avanço no sentido de se resolver a questão. Em absolutamente nenhuma delas os times de maior poderio econômico e político admitiram serem os maiores beneficiados por esses erros.

Tendo consciência da hipocrisia inerente a essa repentina preocupação com os danos coletivos, vinda dos milionários privilegiados Flamengo e Palmeiras, é possível colocar um ponto de atenção na declaração-desabafo dada pelo ser humano gigante (e goleiro) Cássio, no último domingo (26/10), logo após a desastrosa arbitragem na peleja entre Cruzeiro e Palmeiras.

“Chega de todo mundo ficar falando que beneficiou este ou aquele. (...) Acho que nós temos que nos unir, a CBF e nós jogadores, para melhorar isso, porque eu vejo que muita gente não está se importando com o futebol. (...) Você tem que parar, se unir, ver o que pode ser melhorado para ajudar os árbitros. Eles são seres humanos como a gente. Eu já sofri com depressão, com pressão. Eu sei como é ruim! Imagina um árbitro, a cobrança que é quando ele erra. (...) Diretores, pessoas, a gente tem que pensar em conjunto para ver o que a gente pode melhorar e o que a gente pode fazer melhor para ajudar esses árbitros. (...) Se nós não melhorarmos em conjunto, a gente vai acabar piorando.”

O dedo na ferida aberta na arbitragem no futebol brasileiro, posto a partir de uma visão humana e de preocupação verdadeira pelo coletivo, como fez Cássio, surge como esperança.

Mas quando voltamos à análise inicial sobre a preocupação artificial de Flamengo e Palmeiras com o coletivo, é preciso cautela com esse canto da sereia. Se eles querem ser, agora, os paladinos da luta contra injustiça coletiva no futebol, que comecem por admitir serem eles próprios, por décadas – e até hoje –, os privilegiados pela maioria desses erros de arbitragem.

O arrogante treinador Abel Ferreira, por exemplo, usou da ironia e do vitimismo às avessas para se colocar nessa posição de paladino. Após a derrota do seu Palmeiras para o Flamengo, claramente influenciada por erros de arbitragem, ele debochou: “Vocês (jornalistas) diziam que eu era o problema, não é? Agora as imagens estão aí. Comentem vocês”.

Por que Abel não foi ao microfone para dizer “agora as imagens estão aí” quando o seu Palmeiras foi claramente beneficiado pelos erros da arbitragem no empate contra o Cruzeiro? Ele responderia que “comentem vocês” se fosse Wanderson a lesionar gravemente Gustavo Gómez e só tomasse cartão amarelo?

Quem conhece o DNA da “SAF Flamengo/Rede Globo”, que substituiu o Clube de Regatas do Flamengo a partir da década de 1980, sabe muito bem que os flamenguistas JAMAIS lutaram por qualquer causa coletiva no futebol brasileiro.

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Mas seria hipócrita também jogar a culpa somente em Flamengo e Palmeiras. A indignação seletiva e a arrogância deles, em nível nacional, é a mesma dos outros grandes clubes brasileiros quando o recorte é regional.

Quantas vezes Cruzeiro, Atlético, Grêmio e Internacional levantaram voz contra os “prejuízos coletivos” dos erros da arbitragem quando foram beneficiados contra clubes do interior de seus estados ou das regiões Norte e Nordeste do país?

Top 5 do futebol mundial seria o Brasil se a indignação não fosse pontual e a apropriação da causa coletiva não fosse pura hipocrisia dos clubes poderosos. Afortunado seria a nação brasileira se tivesse mais pessoas como a consciência e a visão humana do gigante Cássio.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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