
O cobertor do Cruzeiro está curto
Hoje, pela Copa do Brasil, teremos um escrete novamente mexido de forma pontual. Certamente, nem tanto quanto necessário para dar descanso a mais titulares
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

Sabe quando o cobertor é curto e passamos a noite inteira revirando na cama tendo de escolher entre esquentar os ombros ou os pés? Se no Brasil as temperaturas tendem a subir e afastarem de vez o frio intenso, no futebol a situação é inversa. Os elencos curtos começarão a prejudicar o desempenho dos clubes na disputa por títulos ou classificações a competições internacionais.
O resultado ruim e o péssimo desempenho do Cruzeiro no último domingo, contra o Ceará, em pleno Mineirão, mostrou que, para o Cabuloso, essa realidade já bateu à porta antes mesmo de o inverno ir embora.
Leia Mais
“Porco magro é que suja a água”. O mestre e amigo Cristiano Casimiro mandou o ditado popular logo após o apito final do árbitro, lembrando do meu mau pressentimento quando percebi o clima de “já ganhou” invadindo a Nação Azul antes mesmo do confronto contra o time cearense.
O então líder do campeonato não só perdeu uma partida (e a liderança) dentro dos seus próprios domínios, com as arquibancadas tomadas por 50 mil torcedores. O Cruzeiro deixou escancarado que seu elenco necessita de reforços para enfrentar, em alto nível, a maratona de partidas decisivas que já se iniciou.
A simples ausência de um jogador como Christian e a falta de peças de reposição para dar velocidade e variação tática ao time, no segundo tempo da peleja, comprovaram isso. O Cruzeiro não teve força, criatividade e alternativas para furar o competentíssimo bloqueio imposto pelo Ceará quando este virou o placar.
A verdade é que o escrete titular do Cruzeiro está no seu limite de esforço físico e mental. Necessita urgentemente rodar. Mas Leonardo Jardim tem como fazer isso sem correr o risco de perder preciosos três pontos, como aconteceu no domingo passado? Terá coragem e tranquilidade para implantar esse rodízio com mais frequência em uma decisão mata-mata como a desta noite, contra o CRB, pela Copa do Brasil?
Fabrício Bruno e Villalba, por exemplo, disputaram todas as cinco partidas realizadas pós-Copa do Mundo de Clubes: Grêmio, Fluminense, Juventude, Corinthians e Ceará. Sequer foram substituídos em nenhum deles.
Lucas Romero é outro que foi titular em todas essas partidas. Seu atual substituto imediato, Wallace, não passa tranquilidade para a torcida, tampouco para a comissão técnica.
Lucas Silva, apesar de também não ter ficado de fora de nenhuma das partidas, ganhou, no último final de semana, uma boa sombra (ou respiro), com o retorno do motorzinho Matheus Henrique.
Matheus Pereira tem sido substituído ora por Gabriel, ora por Eduardo, na maioria das partidas. Porém, sua função em campo, claramente, não é a mesma de nenhum dos dois substitutos.
O ataque cruzeirense é o setor onde o cobertor curto tem ficado mais evidente. E quando Kaio Jorge se contundir ou for suspenso? Nenhum time do mundo que queira ser campeão pode depender de apenas um jogador.
Kenji ainda não tem experiência para aguentar a pressão de substituir o goleador do campeonato. Lautaro só aguarda uma proposta para deixar a Toca da Raposa – já comprovou não ser merecedor da titularidade.
O xodó Bolasie, sempre que acionado, entra bem, mas desempenha uma função diferente de Kaio Jorge. É capaz de preocupar a zaga, com sua força física. Sua altura lhe dá a capacidade abrir o espaço aéreo e servir aos companheiros, como já fez na peleja contra o Juventude. Mas quando Leonardo Jardim opta por não colocá-lo como substituto do Menino K, ele demonstra que não vê o congolês como um “matador”.
A falta de um atacante veloz pelas pontas está escancarada. Wanderson tem sido perfeito taticamente, mas, novamente, não se pode ficar dependente de apenas um jogador e que não consegue variar a forma de atuação. Contratar velocistas (que marquem gols) é urgente!
Na noite de hoje, pela Copa do Brasil, teremos um escrete novamente mexido de forma pontual. Certamente, nem tanto quanto necessário para dar descanso a mais titulares. O tempo de correr riscos já passou. Não dá mais para a SAF Cruzeiro adiar a compra de novos cobertores.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.