
Taça, história e conversa: um passeio pelos espumantes de Garibaldi
Capital nacional do espumante, a cidade gaúcha reúne vinhedos, experiências sensoriais e um roteiro cheio de história
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Era fevereiro, época de vindima na Serra Gaúcha. As uvas estavam sendo colhidas, a região exalava perfume de fruta madura, e bastava olhar para os parreirais para entender que aquele era um tempo de festa. Foi nesse cenário que vivi uma das experiências mais completas e afetivas de enoturismo que já tive no Brasil, na cidade de Garibaldi, conhecida — com justiça — como a capital nacional do espumante.
Entre vinhedos e pipas centenárias, a Cooperativa Vinícola Garibaldi mostra por que ocupa um lugar de destaque no cenário vitivinícola brasileiro. Fundada em 1931, a cooperativa soma mais de 90 anos de história e, ao longo desse tempo, construiu um legado baseado na valorização de produtores, na qualidade dos rótulos e em um olhar atento para o futuro. Hoje, são mais de 470 cooperados que cultivam 1,2 mil hectares de vinhedos espalhados por quase 20 municípios da Serra Gaúcha.
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Os números impressionam: são 17 marcas no portfólio e mais de cem itens disponíveis no varejo, com destaque para os espumantes — categoria na qual a cooperativa figura como a terceira marca mais vendida no Brasil e, segundo dados recentes da revista SuperVarejo, a marca que mais cresce nos três estados do Sul. Tudo isso com um detalhe que não passa despercebido: boa parte dos rótulos têm preços acessíveis e presença nas principais prateleiras do país.
Mas o que mais chama atenção é o jeito como a experiência é construída em torno do vinho. A visita à vinícola não se resume a uma degustação apressada. Ela é pensada para envolver, ensinar, emocionar — e surpreender.
A começar pelo Taça & Trufa, uma experiência sensorial dentro de uma pipa de vinho, onde espumantes da casa são harmonizados com trufas artesanais. São cinco combinações conduzidas por um especialista, cada uma trazendo uma nova camada de percepção — na taça e no paladar.
Outra proposta é o Desperte Seus Sentidos, que parte de um convite curioso: ser vendado para degustar a linha Premium Acordes. Sem ver, a atenção se volta ao aroma, à textura, ao que cada gole desperta. A experiência acontece também dentro de uma pipa e inclui seis rótulos que revelam a diversidade da produção da cooperativa.
Já o Taça & Prosa transforma o momento da degustação em uma conversa leve e cheia de conteúdo. A sommelière da casa conduz os visitantes por cinco espumantes elaborados por métodos diferentes — Asti, Charmat e Tradicional —, explicando como cada método impacta nas sensações da bebida. A ideia não é técnica demais, nem superficial. É aprendizado com sabor e leveza.
Para quem gosta de história, o roteiro Uma História para Degustar é imperdível. Ele percorre as origens da cooperativa, a chegada dos imigrantes italianos e a importância da vitivinicultura para a região. O passeio é pensado como uma jornada pelas estações do ano, valorizando o ciclo da uva e da própria natureza. No fim, os visitantes são recebidos em uma loja conceito, bem estruturada, com todos os produtos da casa disponíveis para compra.
Em 2025, a grande novidade é o espumante Garibaldi Floratta Rosé, que já nasceu com vocação para brilhar. Feito com uvas Moscato de Alexandria e Hamburgo, ele traz notas de frutas vermelhas, um toque de mel e uma delicadeza que conquista logo no primeiro gole. Com fermentação única, baixo teor alcoólico e frescor evidente, é um espumante pensado para um público jovem e para momentos leves — daqueles que pedem taça cheia e nenhuma pressa.
A visita à Cooperativa Vinícola Garibaldi mostra que o Brasil não só produz vinho de qualidade, como também sabe apresentar essa produção de forma afetuosa, criativa e educativa. É enoturismo com alma — do campo até a taça.
Além do enoturismo, o que fazer em Garibaldi?
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Garibaldi vai além das vinícolas e surpreende também no ritmo do passeio urbano. No centro da cidade, vale reservar um tempo para o Tim Tim, um city tour feito a bordo de um antigo caminhão militar restaurado, que percorre os principais pontos históricos. A bordo, o guia conta curiosidades sobre a imigração europeia e revela detalhes da arquitetura, da Matriz e das casas antigas que preservam o charme do passado.
Outro ponto que merece visita é a Madrelustre, fábrica de iluminação que se destaca por ter sua própria vidraria — algo raro no país. Além de acompanhar a produção artesanal de peças, o visitante pode explorar o pequeno museu do vidro e ver de perto a maior taça de espumante do mundo, feita pela própria vidraria em homenagem ao título que Garibaldi carrega com orgulho: capital nacional do espumante. A peça, reconhecida pelo Guiness Book, é também um símbolo da vocação e da originalidade da cidade.
E como toda boa viagem pede bons sabores, a cidade reserva ótimas opções para comer bem. Para um almoço com receitas tradicionais italianas e clima de casa, o Primo Camilo é sempre uma boa escolha. Para os que gostam de um menu mais variado, o Belo Sapore traz combinações criativas. O Di Paolo, já conhecido em várias cidades, é famoso pelo galeto al primo e pela sequência farta.
Na Essência dos Vinhedos, a experiência é mais tranquila, com vista para os parreirais e uma vivência rural simplesmente espetacular.
E para quem busca um ambiente rústico, com sotaque italiano carregado de afeto, o Tchó Talian Ristorante fecha a lista com sabor e história, em um ambiente bem intimista e aconchegante.
Para dormir, o Hotel Casacurta é uma escolha certeira. Confortável, com vista bonita e um café da manhã completo, ele contribui para que o passeio seja ainda mais especial. E tem um detalhe importante: a piscina é coberta. Ou seja, roupa de banho na mala, independentemente da estação.
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As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.