Victor Queiros -  (crédito: Acervo Pessoal)

Victor Queiros

crédito: Acervo Pessoal

Em junho, o mercado imobiliário dos EUA enfrentou uma queda significativa de 7,4% nas vendas de novas casas unifamiliares, refletindo uma série de desafios econômicos e regionais. Este artigo explora as principais causas dessa diminuição, o impacto das políticas monetárias e as variações regionais nas vendas de imóveis, com insights do especialista Victor Queiros, CEO da Checkmate Real Estate Group.

Victor explica que o aumento das taxas de juros, imposto pelo Federal Reserve para controlar a inflação, é o principal fator que contribuiu para a redução nas vendas de novas casas. Com as taxas de hipoteca atingindo picos históricos, os financiamentos se tornam menos acessíveis, restringindo o número de compradores qualificados. Além disso, eventos globais como a guerra na Ucrânia e os conflitos em Israel, junto ao contexto eleitoral do ano, também desempenham papéis secundários na desaceleração do mercado.

O empresário comenta: “As altas taxas de juros têm um impacto direto na capacidade dos compradores de obter financiamentos. Com menos pessoas se qualificando para empréstimos, há uma redução natural na demanda por novas casas, o que reflete a queda nas vendas que estamos observando”.

 

Influência das políticas monetárias do Federal Reserve

 

As políticas monetárias agressivas do Federal Reserve, embora visem controlar a inflação, têm um impacto misto no mercado imobiliário. As altas taxas desestimulam a compra de novas casas, mas também criam oportunidades para investimentos em propriedades antigas. Queiros observa: “Com as taxas de juros elevadas, muitos investidores estão voltando suas atenções para o mercado de propriedades que podem ser compradas, reformadas e alugadas, aguardando uma eventual queda nas taxas para uma revenda mais lucrativa”.

As vendas de novas casas apresentam variações significativas entre regiões dos EUA. O Nordeste e o Meio-Oeste foram os mais impactados pela queda, enquanto o Oeste e o Sul mostraram sinais de leve aumento. Essas diferenças são atribuídas a condições econômicas e políticas locais, que afetam diretamente a demanda e a atividade no mercado imobiliário. O empresário destaca: “Regiões como o Nordeste e o Meio-Oeste enfrentam desafios econômicos específicos que influenciam a demanda por novas casas. Em contraste, o crescimento populacional e as condições econômicas mais favoráveis no Oeste e no Sul estão ajudando essas áreas a se manterem mais estáveis”.

 

Impacto das altas taxas de hipoteca

As taxas de hipoteca, que alcançaram 7,22% em maio, tiveram um efeito direto na demanda por novas casas. Com parcelas de financiamento mais altas, muitos compradores potenciais encontram dificuldades em se qualificar para empréstimos, resultando em um mercado com mais ofertas do que demanda. Victor Queiros comenta: “Taxas de hipoteca elevadas reduzem o poder de compra dos consumidores, o que acaba gerando um mercado superabundante de imóveis disponíveis em relação à demanda”. Altas taxas de hipoteca reduzem a acessibilidade à moradia ao aumentar os custos mensais dos financiamentos, tornando mais difícil para os compradores obterem aprovação para empréstimos. Isso impacta negativamente o mercado de novas casas, com menos pessoas conseguindo adquirir imóveis.

 

Perspectivas com a queda das taxas de hipoteca

Recentemente, as taxas de hipoteca caíram para 6,77%, o que pode sinalizar uma revitalização no mercado. Embora a recuperação não seja imediata, a redução nas taxas pode estimular uma maior atividade e velocidade no mercado, beneficiando tanto compradores quanto investidores.

Com o aumento do inventário de novas casas para 475.000 unidades em junho, construtoras e investidores podem adotar estratégias como o aluguel de propriedades não vendidas. Queiros sugere: “Investidores podem considerar o aluguel de imóveis em vez de vender imediatamente, aproveitando o período de alta taxa de juros para manter as propriedades e aguardar uma valorização futura”.

 

Implicações para construtores e investidores

Construtores e investidores adaptam suas estratégias conforme o mercado. Em um mercado lento, a ênfase pode se deslocar para a compra, reforma e aluguel de propriedades, preparando-se para um cenário de mercado mais favorável no futuro. As construtoras estão ajustando suas estratégias de preço para refletir as novas realidades econômicas. Com o aumento dos juros, os preços das casas estão retornando a níveis mais realistas, facilitando as vendas.

 

Expectativas para o próximo trimestre

Com a possibilidade de redução nas taxas de juros pelo Federal Reserve em setembro, o mercado imobiliário pode experimentar um aumento na atividade. Queiros acredita: “Se o Federal Reserve reduzir as taxas de juros, esperamos uma recuperação gradual e um aumento na atividade do mercado, o que pode trazer novas oportunidades para investidores e compradores”. A especulação sobre a redução das taxas de juros já agita o mercado, que corresponde a quase 13% do PIB dos EUA, incentivando uma maior movimentação e atividade.

Segundo o profissional, para estimular a demanda por novas casas, podem ser promovidos programas de financiamento acessível e incentivos fiscais para compradores de primeira casa. Estratégias de marketing eficazes também são essenciais para destacar os benefícios de adquirir imóveis em um cenário de taxas elevadas.

O mercado imobiliário dos EUA está enfrentando um período de adaptação diante de altas taxas de juros e variações regionais nas vendas de novas casas. As estratégias de ajustamento por construtores e investidores, como sugerido por Victor Queiros, podem ser fundamentais para determinar a trajetória futura do setor.