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Quando o orçamento decide o amor: união estável virou o novo normal?

Dados do Censo 2022 mostram que morar junto sugere economia no início, mas a escolha entre casamento e união estável envolve custos que vão além do romantismo.

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Por Isabel Gonçalves 

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Cheguei naquela fase da vida em que os grupos de WhatsApp se dividem: de um lado, amigos anunciando mudança para “o apê do casal”, do outro, os solteiros chamando para mais um rolê. E os convites de casamento? Cada vez mais raros. Hoje, a comemoração mais comum não é mais a cerimônia no altar, e sim o famoso “chá de casa nova”.

Esse movimento não é só percepção pessoal. Ele aparece com clareza nos dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE recentemente. Pela primeira vez, morar junto sem casar, a famosa união estável, virou o tipo de relacionamento mais comum no Brasil. O casamento tradicional perdeu espaço, e isso diz muito menos sobre o fim do amor e muito mais sobre o custo de oficializar uma relação.

União estável: o que é e quando ela existe?

A união estável acontece quando duas pessoas vivem juntas de forma contínua, pública e com intenção de construir uma vida em comum. Não precisa de cerimônia, cartório ou contrato para existir. Se o casal mora junto e se apresenta como família, a lei já pode reconhecer essa relação.

No Brasil, esse modelo é amparado legalmente há poucas décadas e garante direitos semelhantes aos do casamento. O detalhe é que muita gente só descobre isso quando surge um problema, seja uma separação ou uma questão de herança. 

Quem tem união estável tem direito aos bens?

Quando o casal não define nada formalmente, a regra padrão é a comunhão parcial de bens. Isso significa que tudo o que for adquirido durante a convivência tende a ser dividido igualmente, mesmo que esteja no nome de apenas uma das pessoas. Por isso, apesar de não ser obrigatória, a formalização em cartório costuma evitar conflitos futuros e sai mais barata do que um casamento tradicional com festa.

Menos casamentos, mais convivência

Os números do IBGE mostram uma troca clara de posições. Enquanto a união estável cresce, o casamento civil e religioso recua. Em pouco mais de uma década, a proporção de casamentos formais caiu de forma consistente, indo de 42,9% para 37,9%.

O amor acabou? Não. Isso não significa que os brasileiros deixaram de se comprometer. O compromisso continua existindo, só mudou de formato. Em um país marcado por renda instável, crédito caro e custo de vida alto, morar junto virou uma solução prática para dividir despesas e seguir a vida sem criar um rombo financeiro logo no começo.

Qual a diferença entre casamento e união estável?

Apesar de garantirem praticamente os mesmos direitos judiciais, casamento e união estável funcionam de maneiras diferentes. O casamento começa no cartório, com regime de divisão mais claro desde o início. Há custos de registro e, muitas vezes, gastos altos com cerimônia e festa, que, como já mostramos, facilmente passam dos R$50 mil.

Já a união estável nasce da convivência. É mais simples e barata no começo, mas pode exigir provas da relação no futuro se não houver registro. Essa diferença pesa especialmente quando o relacionamento termina ou em caso de herança.

Quanto custa oficializar a união estável?

Formalizar uma união estável no cartório exige apenas a escritura pública. Segundo a VLV advogados, o valor costuma variar entre R$100 e R$600, dependendo do estado. Em Minas Gerais, por exemplo, a taxa gira em torno de R$412. 

Já o casamento civil envolve mais etapas, como habilitação e emissão da certidão, o que encarece o processo. Em média, casar no cartório custa entre R$300 e R$2.000. Se a cerimônia for fora do cartório, o valor pode passar facilmente de R$1.000.

Mas o que o dinheiro tem a ver com a relação?

Tudo. Os dados do IBGE deixam claro que a renda do casal importa. Entre quem ganha até meio salário mínimo, a maioria vive em união estável. Já entre pessoas com renda acima de cinco salários mínimos, o casamento formal é bem mais comum. Casar é caro e todo mundo sabe. 

Na prática, quem tem mais dinheiro consegue bancar o papel, a cerimônia e a segurança jurídica. Quem ganha menos opta pelo caminho possível. Não é questão de preferência romântica, mas de orçamento.

O jovem prefere união estável

A união estável é mais frequente entre adultos jovens, especialmente dos 20 aos 39 anos. O casamento tradicional aparece com mais força entre pessoas acima dos 40.

Isso reflete uma geração que enfrenta salários menores, vínculos de trabalho instáveis, aluguel caro e que não se apega tanto em grandes festas. Nesse cenário, oficializar a relação fica em segundo plano. 

Conclusão: vale mais a pena casar ou fazer união estável?

Não existe resposta universal. O Censo mostra que o casamento deixou de ser o único caminho, mas isso não significa que a união estável seja, necessariamente, mais simples ou mais barata no longo prazo. Na prática, a diferença muitas vezes está na formalização.

O casamento concentra o custo e a formalização logo no início. Já a união estável pode parecer mais acessível no começo, principalmente quando não é registrada, mas essa economia inicial pode virar despesa mais alta lá na frente. Questões como divisão de patrimônio, herança, pensão, seguros e disputas familiares costumam exigir regularização posterior, muitas vezes com advogado, cartório e desgaste emocional.

No fim, a melhor escolha é aquela que faz sentido para a realidade do casal, considerando patrimônio, renda e planos futuros. O nome da relação importa menos do que entender que amor sustenta a convivência, mas clareza jurídica e planejamento financeiro é o que protege o futuro.

Dica do ESB: antes de morar junto, vale colocar os números na mesa. Organizar as finanças do casal desde o início pode evitar gastos muito maiores depois.





As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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