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FIES: entrada para a faculdade ou para uma dívida eterna?

Criado para ampliar o acesso ao ensino superior, o Financiamento Estudantil ajuda milhares de estudantes, mas sofre com dívidas e inadimplência.

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Por Isabel Gonçalves

Você sabia que, apesar das universidades públicas do Brasil estarem frequentemente na lista das melhores do país, o setor privado ainda concentra a grande maioria das matrículas do ensino superior? Em um cenário onde as universidades públicas estão cada vez mais concorridas, o ensino superior privado recebeu mais de 88% das matrículas em 2023. Porém, o custo elevado das faculdades privadas estão fora do alcance da maioria e se torna uma barreira para a conquista do diploma.

Com mensalidades altas que muitas vezes não cabem no orçamento, o financiamento estudantil pode ser a solução para milhões de jovens. Para eles, o financiamento é o único jeito de transformar o sonho de uma graduação em realidade. Mas, ao mesmo tempo em que parece a solução, também levanta a dúvida: será que não estão trocando um problema imediato por uma dívida de longo prazo?

O que é financiamento estudantil?

Da mesma forma que existe o financiamento de veículos e o imobiliário, o financiamento estudantil é um empréstimo feito com o objetivo de pagar a faculdade. Na prática, a instituição financeira ou o governo paga a mensalidade diretamente para a faculdade, e o estudante se compromete a devolver esse dinheiro em parcelas, normalmente só depois de formado. 

Dessa forma, o curso superior fica mais acessível. Afinal, cursos como Medicina, Engenharia ou Direito podem custar muito mais do que a renda de uma família comum no Brasil. O financiamento funciona como uma ponte entre o sonho do diploma e a realidade financeira. Mas, como toda dívida, precisa ser analisada com cuidado para não virar uma bola de neve.

Entendendo o FIES: financiamento estudantil do governo 

O FIES é o programa do governo que ajuda estudantes a pagar a faculdade particular. Para participar, é preciso ter feito o ENEM, tirar ao menos 450 pontos (sem zerar a redação) e  ter renda familiar de até 3 salários mínimos, por pessoa. O financiamento é sem juros. 

Durante o curso, o aluno paga a parte da mensalidade que não foi financiada e deve manter as notas acima de 75%. Depois da formatura, há 18 meses de carência, tempo para você conseguir um emprego e, só então, a dívida começa a ser paga em até 12 anos. É uma saída importante para quem não consegue arcar com as mensalidades, mas exige cuidado: se você ficar inadimplente e não pagar, ficará com o nome sujo.

Você pagou seu FIES? 

Uma das perguntas mais procuradas do Google quando falamos de FIES é: “o que acontece se eu não pagar?” Isso é um reflexo dos maiores problemas do FIES hoje que é a inadimplência. Muita gente encara o programa como um presente e cai na ilusão do “já me formei, não preciso mais pagar”. Só que o contrato continua existindo e a dívida não desaparece com o diploma na mão.

Segundo dados do próprio governo, 60% dos estudantes deixam de pagar as parcelas depois de formados. O resultado? O saldo devedor cresce com juros e multas, e o nome do aluno pode parar nos órgãos de proteção ao crédito.

Essa inadimplência também gera impacto coletivo. Quanto mais pessoas deixam de pagar, maior é a pressão sobre as contas públicas e mais difícil fica manter o programa acessível para novos estudantes. Por isso, é fundamental encarar o FIES como o que ele realmente é: um financiamento, e não uma bolsa de estudos.

Novo programa de renegociação de dívidas do FIES

No fim de julho deste ano, o Ministério da Educação anunciou novas regras para a renegociação de dívidas do FIES de contratos firmados a partir de 2018. A medida vale para estudantes inadimplentes há mais de 90 dias até 31 de julho de 2025 e permite parcelar o saldo devedor em até 180 vezes, com parcelas mínimas de R$200. Além disso, há isenção de 100% dos juros e multas por atraso, o que pode aliviar bastante a vida de quem acumulou débitos.

O prazo para pedir a renegociação vai de 1º de novembro de 2025 a 31 de dezembro de 2026 e deve ser feito diretamente com o banco responsável pelo contrato.

Outras opções de financiamento estudantil

Nem só de FIES vive o estudante brasileiro. Além do programa do governo, existem alternativas privadas que também ajudam a bancar a faculdade, cada uma com suas vantagens e armadilhas.

Em alguns casos, o aluno já começa a pagar parte do valor enquanto estuda. Em outros, existe um período de carência para começar a quitar a dívida só depois da formatura. A vantagem é que o processo costuma ser mais rápido e menos burocrático que o FIES. Não precisa de ENEM, por exemplo. Por outro lado, é fundamental fazer as contas: dependendo da taxa de juros, uma mensalidade de R$1.500 pode facilmente se transformar em uma dívida de mais de R$100 mil ao longo dos anos.

Alguns bancos e iniciativas como Bradesco e Santander e a plataforma Pravaler oferecem linhas de crédito específicas para educação. O ponto é: há vários caminhos para conquistar o diploma, mas todos eles pedem atenção às condições do contrato. O que parece leve no início pode virar uma dívida pesada se não for bem calculado.

Como escolher a melhor opção de financiamento?

Escolher um financiamento estudantil não é só questão de olhar para a parcela que “cabe no bolso” hoje. O segredo está em pensar no custo total da dívida e na sua capacidade de pagamento lá na frente. Por isso, antes de assinar qualquer contrato, compare não apenas os juros, mas também o CET (Custo Efetivo Total), que inclui todas as taxas, seguros e encargos escondidos.

Outro ponto essencial é avaliar a flexibilidade do contrato. Alguns permitem pagar antecipado ou amortizar parcelas sem multa, o que pode ser ótimo se a sua renda aumentar no futuro. Também vale analisar se existe um tempo de respiro após a formatura, como o caso do FIES ou se o pagamento já começa durante o curso.

E, claro, olhe além dos números: pense na sua área de atuação, no tempo que pode levar até conseguir emprego e no salário médio da profissão escolhida. Um curso caro financiado sem planejamento pode virar dívida eterna, enquanto um financiamento bem calculado pode ser a chave para o diploma dos sonhos sem pesadelos financeiros depois.

Conclusão: financiamento estudantil vale a pena?

O financiamento estudantil pode ser tanto a chave que abre a porta da faculdade quanto a pedra que pesa no sapato por anos. Ele vale a pena quando usado com planejamento: se o curso escolhido tem boa empregabilidade, se as parcelas cabem no orçamento futuro e se o estudante entende exatamente quanto vai pagar ao final do contrato.

Por isso, não deixe de comparar as opções, entenda os juros e faça um plano para conseguir pagar mesmo depois da formatura. Não vai querer começar a vida adulta com nome do Serasa né? E nunca se esqueça: diploma e educação são investimentos e não gastos. 

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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