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Por Alexia Diniz
Outro dia, um amigo chegou animado: "Agora vai dar pra pegar um carro novo, o governo zerou o IPI!". Na hora, já imaginei: vitrines cheias de faixas vermelhas, vendedores apressados com "promoção relâmpago" nos olhos e todo mundo querendo garantir um carro antes que o desconto acabe.
Mas será que o tal IPI Verde é mesmo um presentão do governo ou só mais uma vitrine bonita para dar aquele empurrão nas vendas?
Afinal, o que é o IPI Verde?
O tal do IPI Verde é um programa lançado em julho de 2025 que zera temporariamente o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros compactos 1.0 flex fabricados no Brasil. O objetivo oficial é estimular o consumo de veículos menos poluentes e movimentar a indústria nacional. Mas, sejamos francos: agradar o eleitor com carro mais barato é sempre uma boa estratégia.
Traduzindo: por um período determinado, o governo decidiu não cobrar IPI desses modelos. E como esse imposto pode chegar a quase 4%, o desconto no preço final pode ser bem relevante. É como se colocassem uma plaquinha de "Black Friday" no setor de carros populares.
Quem pode aproveitar o IPI Zero?
Para entrar na brincadeira do desconto, o carro precisa obedecer a algumas regrinhas:
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Ser fabricado em solo brasileiro;
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Ter motor 1.0 e ser flex (etanol e gasolina);
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Cumprir normas de segurança do inmetro;
-
Estar dentro dos limites de emissão de poluentes.
Na prática, alguns dos modelos mais acessíveis do mercado já se enquadraram nessas exigências. Veja alguns exemplos abaixo.
Modelos com IPI Zerado e o valor do desconto:
Carro usado com IPI zero? Não rola
O benefício vale só para carros novos, mas isso tem efeito direto no mercado de seminovos: se o novo barateia, o usado perde valor. Principalmente os modelos populares, que agora competem com os novos na mesma faixa de preço.
Quem comprou antes do anúncio da isenção do IPI, um dos modelos que passaram a ser isentos da cobrança do imposto, já viu seu carro desvalorizar mais rápido na Tabela Fipe. Por outro lado, quem está trocando de carro pode usar o desconto do novo para barganhar melhor na troca ou financiamento.
Mas afinal, o desconto vale a pena?
De acordo com um levantamento do Banco BTG, não houve aquele movimento clássico de aumentar os preços antes da medida. Pelo contrário: as montadoras estariam repassando a redução de custos ao consumidor, em alguns casos até além do que o governo havia antecipado.
Na prática, isso significa que, para quem já planejava comprar, pode ser um bom momento para fechar negócio. Mas ainda vale a velha regra: comparar as opções. Nosso comparador de carro por assinatura mostra se comprar, financiar ou assinar faz mais sentido para o seu bolso.
Alíquota zero não é isenção eterna
Alíquota zero é como uma pausa no imposto, não o fim dele. O IPI continua existindo e pode voltar a qualquer momento por decisão do governo. O programa “Carro Sustentável” foi lançado com a publicação do decreto em 10 de julho de 2025, e passou a valer a partir de 11 de julho de 2025. Essa suspensão do IPI tem validade até dezembro de 2026, conforme previsto no decreto
Além da redução para o consumidor final, a medida deve ter reflexos também no Carro por Assinatura (CPA). Com a alíquota zerada, as montadoras conseguem renovar a frota a custos mais baixos, o que tende a gerar preços mais competitivos também nesse modelo de contratação.
O IPI já tinha sido zerado antes?
Sim, afinal reduzir imposto de carro mil é sempre muito popular né? Em 2023, houve o Programa Carro Popular, também com isenção temporária ( que entrou em vigor em junho de 2023 e foi encerrado em 7 de julho de 2023) para aquecer o setor. Já em 2024, a medida não foi renovada, mas serviu de base para a criação do IPI Verde, com foco mais ambiental.
Por que reduzir o IPI dos automóveis agora?
Essa é uma ótima pergunta, pois se há um mercado que não vai mal é o automotivo, especialmente os modelos de entrada, mais baratos e menos poluentes, quase todos com motores de baixa cilindrada e flex. Ou seja, já emitem menos poluentes e já são movidos a combustível renovável.
Enfim, apesar do bom desempenho nas vendas e financiamentos de veículos, o governo decidiu apostar neste pacote, supostamente como forma de reforçar a agenda verde e, de quebra, dar um empurrãozinho na indústria.
Ok, a gente não precisa concordar mas até entende. Afinal, carro mais barato em ano pré-eleitoral nunca fez mal às estatísticas de aprovação de governo nenhum.
Comprar, financiar ou assinar um carro?
No fim das contas, mesmo com desconto, o carro continua sendo um gasto alto. Tem IPVA, seguro, revisão, manutenção e a infame desvalorização.
Por isso, muita gente tem olhado com carinho para o carro por assinatura. Nesse modelo, você paga uma mensalidade e já está tudo incluso. Quer rodar por um ano e devolver? Pode. Quer trocar de carro a cada 12, 24, 36 ou 48 meses? Também.
A gente criou um comparador no Educando Seu Bolso que te mostra se vale mais a pena comprar, financiar ou assinar. Com dados reais, sem achismo. Às vezes, a escolha mais inteligente é justamente não comprar.
Conclusão: IPI Zero é desconto ou marketing?
Certamente é marketing para o governo e pela pesquisa que fizemos para essa matéria, o IPI zero resultou também em descontos. Ou seja, independentemente de em quem você vota, você pode estar diante de uma boa oportunidade..
Ou seja, se você já pretendia comprar um carro popular, pode economizar uma grana. Mas se for movido só pelo impulso do "desconto do governo", cuidado.
Apesar de não termos detectado aumentos significativos de preços dos carros antes do desconto do IPI até o dia da postagem desse artigo, nada impede que nos próximos meses as montadoras aproveitem para aumentar o valor dos carros que passaram a não pagar IPI.
Então, antes de assinar o contrato, veja se o carro que você quer subiu de preço, se o desconto foi mesmo repassado e, principalmente, se faz sentido pra você nesse momento.E não esquece: IPI é só uma parte da conta. O resto ainda pesa no seu bolso. E, como sempre, o melhor desconto é o da escolha consciente.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.