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Por Alexia Diniz
Júlio é motorista de aplicativo e tem uma rotina corrida. Um dia, o carro quebrou no meio de uma corrida. Sem dinheiro guardado, precisou parcelar no cartão com juros altos e atrasar contas básicas. Foi nesse aperto que ele ouviu falar de reserva de emergência.
A verdade é que imprevistos não marcam hora. E quando eles batem à porta, quem não tem uma reserva de emergência fica refém de dívidas caras, cheque especial e até agiotas. E ainda assim, muita gente ainda trata a reserva como algo opcional.
O que é reserva de emergência?
Reserva de emergência é um valor guardado exclusivamente para imprevistos. Pode ser uma demissão, um problema de saúde, um conserto urgente ou qualquer gasto não planejado.
Não é dinheiro de viagem, reforma ou investimento. É o que garante paz quando tudo dá errado.
Quanto deve ser a reserva de emergência?
É recomendado guardar entre 3 a 6 meses do seu custo de vida mensal. Se você gasta R$3.000 por mês, o ideal é ter entre R$9.000 e R$18.000 guardados.
Quem é autônomo, freelancer ou tem renda instável, deve considerar uma reserva ainda maior: 9 a 12 meses.
Onde investir a reserva de emergência?
Aqui é onde muita gente erra feio. A reserva de emergência deve estar em um investimento de alta liquidez (ter acesso ao dinheiro de forma imediata), segurança e rendimento previsível.
Opções seguras:
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CDB com liquidez diária (de bancos sólidos e com Fundo Garantidor de Crédito);
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Conta remunerada de bancos digitais, com rendimento de 100% do CDI ou mais.
Onde NÃO deixar sua reserva:
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Renda variável (ações, Fundos de Investimentos, criptomoedas);
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Poupança (rende menos que a inflação);
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Investimento resgatável apenas no vencimento ou com alta taxa de administração.
Qual o melhor investimento para reserva de emergência?
A escolha depende do seu perfil e do valor total da reserva. Mas, em geral, o CDB com liquidez diária é a melhor opção.
Ele combina segurança (se for de banco com FGC), liquidez imediata e rentabilidade próxima ao Tesouro Selic.
O importante é entender que liquidez é o coração da reserva: de nada adianta uma boa rentabilidade se você não puder acessar o dinheiro quando mais precisar.
Qual o melhor CDB para reserva de emergência?
Busque CDBs de bancos médios com FGC que rendem acima de 100% do CDI e ofereçam liquidez diária.
Evite CDBs com carência (resgatáveis apenas no vencimento), mesmo que prometam juros maiores. Reserva de emergência precisa estar disponível para saque imediato.
Quanto rende mil reais na reserva de emergência?
Vamos supor que você invista R$1.000 em um CDB, investimento de renda fixa, que rende 100% do CDI, hoje em torno de 14,65% ao ano:
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Em um ano, o rendimento bruto seria de aproximadamente R$146,50
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Com imposto de renda (20%), o valor líquido seria em torno de R$117,20
É pouco comparado a outros investimentos. Mas lembre-se: a reserva não é para render muito, é para te salvar de enrascadas. Pense na falta da reserva, R$1.000 em fatura de cartão de crédito não paga te custam R$150 de juros do rotativo em apenas um mês. Será que pensando assim, você se motiva mais a criar uma reserva?
O que é 100% do CDI hoje?
CDI é um indicador de juros muito próximo da Selic. Em 2025, 100% do CDI está girando em torno de 14,65% ao ano.
Se um CDB oferece "110% do CDI", significa que vai render 10% a mais que essa taxa.
Se no exemplo anterior a taxa fosse 110% do CDI, teríamos os seguintes valores:
Rendimento bruto anual: 110% de 14,65% = 16,12% ao ano
Logo, o rendimento bruto de R$1.000 em um ano seria aproximadamente R$161,20.
Desconto do IR: 20% sobre R$161,20 = R$32,24
Rendimento líquido: R$161,20 - R$32,24 = R$128,96
Como calcular minha reserva de emergência?
A conta é fácil, o difícil é começar a guardar, exige muita educação financeira.
Primeiro, some seus gastos fixos mensais: aluguel, contas, mercado, transporte, escola, remédios, etc. Esses são os custos que você teria que continuar pagando mesmo se ficasse sem renda.
Depois, multiplique esse valor por 6, se você tiver um emprego fixo. Isso cobre 6 meses de imprevistos, como uma demissão. Agora, se você é autônomo, freelancer ou informal, multiplique por 9 ou até 12. Sua renda é instável, então é melhor se precaver.
Passo a passo:
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Liste seus gastos fixos mensais: aluguel, mercado, contas, transporte, etc.
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Multiplique esse valor por 6 (ou por 9 se você for autônomo).
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Pronto. Esse é o valor da sua reserva.
Exemplo: gastos de R$3.000 por mês R$18.000 de reserva ideal.
Esse é o valor que você deve buscar acumular na sua reserva de emergência. E não precisa ser de uma vez: comece com menos e vá construindo aos poucos.
Quando usar a reserva de emergência?
Só em situações realmente urgentes: perda de renda, problemas de saúde, conserto de carro, acidente ou emergência familiar.
ATENÇÃO!! Compras por impulso, viagens ou "oportunidades imperdíveis" não entram nessa lista. Tampouco despesas programáveis, como por exemplo, manutenção preventiva, IPVA ou seguro do seu carro. Esses gastos são previsíveis e você deve se planejar para custeá-los sem ter que usar a reserva de emergência.
Usei minha reserva de emergência. E agora?
Respire. O objetivo da reserva é exatamente esse: te dar suporte em momentos difíceis.
Agora é hora de reorganizar seu orçamento, cortar gastos extras e traçar um plano de reconstrução. Use esse episódio como motivação para manter sua reserva sempre ativa.
Como repor minha reserva de emergência?
Depois de usar sua reserva, é importante repor o valor o quanto antes. Volte a guardar mensalmente uma parte da sua renda, como fazia no início.
Se puder, aumente o valor das contribuições até alcançar novamente sua meta de reserva completa. Pense nela como prioridade.
Conclusão: a sua paz tem preço
A reserva de emergência não é sobre enriquecer. É sobre não empobrecer ainda mais quando algo inesperado acontece.
Se você ainda não tem uma, comece hoje, nem que seja com R$100. Porque o valor real dela é muito maior do que o que está na planilha: é o da tranquilidade.
E se já usou, não desanime. Recomeçar faz parte. Nós do Educando seu Bolso estamos aqui para te auxiliar, para montar e manter sua reserva de emergência, você pode começar fazendo o seu orçamento mensal.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.