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Por Isabel Gonçalves
Marcos e sua esposa tem uma conta conjunta. Ele usou o dinheiro da conta para comprar um Marea, sem planejar antes. O carro acabou gerando grandes despesas e ao invés de ser um bom negócio, apertou as finanças do casal e agora nunca sobra dinheiro no fim do mês.
Dentro da família, falar de finanças pode ser complicado, já que envolve ganhos diferentes, gastos fixos e variáveis que são de responsabilidade de todos. Por isso, organizar a vida financeira da família se torna indispensável.
O que é o orçamento familiar?
O orçamento familiar é nada mais nada menos do que uma forma de organizar e planejar as despesas da casa de um período específico, normalmente mensal. Pode ser realizado desde a forma mais simples, com lápis e papel, quanto com ferramentas prontas, como as planilhas, por exemplo.
Nele é necessário descrever todos os gastos fixos como aluguel, contas de luz, água, internet e também os variáveis, como os gastos com lazer, saúde e emergências. Dessa forma, é possível acompanhar todas as saídas e saber, onde é possível economizar.
Além disso, é importante anotar também as entradas, tipo os salários de todos da casa e outras formas de renda que podem variar (freelancers, bônus, benefícios).
Orçamento familiar x planejamento individual
Vale ressaltar que o orçamento familiar é diferente do planejamento financeiro individual, já que ele envolve os planos, ganhos, gastos e dívidas de toda a família e não só de um indivíduo. E é comum existir conflito entre os dois, separar o que é individual e o que é do casal é uma tarefa árdua.
A família se depara com questões como quem deve contribuir com cada despesa, como lidar com hábitos de consumo diferentes. E se um ganha mais do que o outro então… aí é mais história pra contar. Por isso, um bom orçamento familiar exige que todos os seus integrantes se comprometam, se comuniquem de forma clara e atuem em conjunto para que tudo funcione bem.
Qual a importância de um orçamento familiar?
É importante sonhar junto, mas normalmente a realização desses sonhos custam caro e por isso, a família precisa estar alinhada e comprometida ao que for definido através do orçamento.
Um bom orçamento familiar feito mês a mês permite um controle mais preciso das finanças do lar e a utilização do dinheiro de forma mais eficiente. Isso faz com que as metas da família sejam mais reais, tanto a curto quanto a médio e longo prazo.
Lembrando que para se ter maior segurança e estabilidade financeira é importante ter uma reserva para emergências! Ela deve ser a prioridade dos investimentos da família e serve para cobrir despesas imprevistas como questões de saúde, reparos na casa e desemprego.
Como se faz um orçamento familiar?
A criação de um orçamento familiar envolve alguns pilares básicos da educação financeira. Veja o passo a passo:
1° Reconhecer sua situação financeira e da sua família
Antes de tudo, é importante saber onde você se encontra em relação ao dinheiro. Não esconda nada da família. É essencial saber quanto cada um ganha e como isso impacta no orçamento da casa.
Dividir as despesas de forma justa é o principal caminho para uma vida financeira saudável. A melhor das opções é separar proporcionalmente os gastos da casa. Então, se uma parte do casal ganha o dobro da outra, é justo que pague a mais no aluguel, nos gastos do carro, no supermercado e por aí vai.
2° Estabelecer metas
Metas são importantes em qualquer planejamento financeiro. Se está endividado, uma boa meta para início de conversa é quitar essa dívida. Se deseja fazer uma viagem ou comprar uma casa ou carro, anote quanto precisa ter para realizar estes sonhos. Não se esqueça de definir o tempo (se é uma meta de curto, médio ou longo prazo).
Sempre separe metas individuais das metas da família e inclua todos da casa nos planos em conjunto. Estabelecer metas claras nos ajuda a manter a motivação para economizar e investir.
3° Anote as receitas e despesas
A parte mais importante do orçamento familiar é registrar todos os ganhos e gastos da família. Coloque no papel, ou em uma planilha, onde gastou, quanto gastou e meio de pagamento utilizado. Lembrando que as despesas devem ser proporcionais ao salário de cada um na família.
Dica: Não deixe para o fim do mês, porque você pode acabar esquecendo o que gastou. O ideal é separar um dia na semana para anotar seus gastos.
Em uma outra parte das anotações, registre o quanto cada pessoa da família ganhou. Se foi salário, aposentadoria, bônus, rendimentos de investimentos, etc. Isso te mostra no seu orçamento, se é um valor recorrente ou se veio “do nada”.
4° Categorize os gastos e ganhos
Nessa etapa, você vai agrupar os gastos, assim como os ganhos. Crie categorias como por exemplo “moradia”, onde você vai colocar as despesas como aluguel, conta de água, conta de luz, internet, gás e etc. Outras categorias úteis são alimentação, saúde, lazer, transporte.
Despesas com filhos e outros dependentes devem ter categorias só para eles. Por exemplo, se o pai pagou a mensalidade da escola e a mãe pagou a van escolar, os dois gastos estão na mesma categoria, pois foram destinados a um mesmo objetivo: criação do filho.
Depois disso, chegou a hora de analisar os gastos. As anotações vão te dar uma imagem de como você gasta seu dinheiro e de onde ele vem. Com isso em mente, analise como vocês gastam o dinheiro e se a renda de vocês está conseguindo cobrir todos os gastos.
5° Planeje o próximo mês e corte despesas
Saiba o que é essencial e o que não é, e entenda que é preciso abrir mão dos deliverys durante a semana, se você quiser juntar dinheiro para comprar um carro, por exemplo. Esse esforço deve vir de todo mundo que está participando do orçamento da família. Não adianta só uma pessoa economizar!
Outro passo é planejar o orçamento do mês seguinte. Sabendo o quanto você gasta em cada categoria, é possível prever os ganhos estimados e como alocar esse dinheiro da melhor forma. Nessa etapa, o pensamento coletivo se torna ainda mais importante, porque você vai pensar nos gastos individuais ao mesmo tempo que pensa nas necessidades coletivas.
6° Faça investimentos
Se você chegou até aqui, passou pela parte mais difícil e agora é hora de aproveitar. Reserve suas economias e aplique da melhor maneira. Estude e pesquise sobre finanças, acesse conteúdos descomplicados sobre investimentos e saiba onde colocar seu dinheiro
Assim, você vai ver que é sim possível atingir suas metas e realizar seus sonhos. E não para por aí: conforme você atinge suas metas, novas oportunidades surgem, como investir parte do que poupou para fazer o dinheiro render mais.
Planilha de orçamento familiar
Tomaremos como exemplo, o caso de Marcos, apresentado no início do texto e a planilha financeira do Educando seu Bolso:
Planilha de orçamento familiar para controlar entradas, saídas, saldo e categorias de gastos.
Nesse caso, Marcos deve anotar tudo que ele e a esposa ganharam e gastaram e além disso, quem pagou cada conta. Por exemplo, o pagamento das parcelas do carro estariam na categoria ‘Transporte’, compras de supermercado na categoria ‘Alimentação’ e assim se segue.
Faça o download da planilha de gastos do Educando seu Bolso!
Conclusão: O orçamento familiar deve ser coletivo.
Pode parecer complicado falar de finanças em casa, principalmente se envolvemos mais de uma pessoa, mas é importante começar de algum lugar. Acompanhar as despesas é um hábito e por isso, precisa de dedicação contínua e é normal se sentir perdido no início.
Existem muitas ferramentas e planilhas de orçamento familiar, mas a melhor delas sempre vai ser a que você se sente mais confortável em usar e que esteja alinhado com seus hábitos de consumo.
Por fim, mesmo que uma pessoa da família seja responsável por fazer os registros, um bom orçamento familiar deve contar com o comprometimento de todos. Com planos e metas em comum, é importante também considerar as diferentes necessidades de cada membro da família.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.