Paulo Galvão
Paulo Galvão
Jornalista formado pela PUC Minas
DOIS TOQUES

Atropelado pelos acontecimentos

Há muito não via a redação do Estado de Minas tão em polvorosa. Profissionais do portal No Ataque trabalhando em ritmo frenético

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A última terça-feira (22/7) foi um dos dias mais movimentados para quem se liga em futebol. O dia começou com matéria do ge denunciando gastos pessoais de dirigentes do Corinthians bancados pelo cartão corporativo da instituição, incluindo compra de remédio para disfunção erétil; passou por vazamento de mensagem do chefe do departamento médico do Flamengo, José Luiz Runco, na qual ele afirma que o volante De La Cruz tem uma “lesão crônica e irreparável” no joelho; e terminou com o atacante Rony pedindo rescisão contratual unilateral pela falta de pagamentos por parte do Atlético e voltando atrás em seguida.

Há muito não via a redação do Estado de Minas tão em polvorosa. Profissionais do portal No Ataque trabalhando em ritmo frenético, jornalistas de outras áreas chegando à editoria de esportes buscando ou trazendo informações o tempo todo, a maioria embasbacada pelas atitudes dos protagonistas dos fatos.

Confesso que me senti atropelado pelos acontecimentos. Não que os dirigentes de associações esportivas sejam exemplos de retidão – há não muito tempo, tivemos caso parecido com os dos corintianos aqui em Minas Gerais, incluindo gastos em uma “casa de entretenimento adulto” custeados por um de nossos clubes. Mas, tolo que sou, sempre espero ao menos um pouco mais de cuidado das pessoas.

Os gastos desenfreados dos mandatários, aliados à falta de controle dos Conselhos Fiscais, ajudam a explicar porque praticamente todas as nossas principais agremiações estão endividadas. Quem deveria cuidar da instituição tenta tirar vantagem, inclusive financeira, de sua posição, enquanto os incumbidos de coibir os desvios fazem vistas grossas, até por também se beneficiarem, direta ou indiretamente, em muitos dos casos.

Assim não há dinheiro que chegue. Até porque os dirigentes não costumam mensurar muito bem os gastos com contratações e salários, que quase sempre extrapolam os orçamentos, ainda que o faturamento tenha crescido bastante nos últimos anos. As previsões orçamentárias são obras de ficção, contando com receitas que dificilmente vão se concretizar.

Nem mesmo o advento das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) colocou um freio na gastança. Ainda que sejam melhor geridas, muitas vezes elas têm de quitar débitos herdados das associações e não tem conseguido equacionar as dívidas, como prova o Galo, cujos donos admitem dificuldades de honrar compromissos. Tanto que buscam “aporte financeiro” no mercado, ou seja, um novo interessado em colocar dinheiro e ajudar a estancar a sangria.

Só não esperava que o clima estivesse ruim a ponto de um jogador – ou seu representante – pedir o desligamento pela falta de pagamentos. Tomara que os problemas financeiros não prejudiquem em campo a equipe alvinegra, que tem jogo decisivo esta noite, contra o Atlético Bucaramanga-COL, na Arena MRV, valendo vaga nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Uma eliminação precoce seria terrível, ainda mais neste momento.


Cautela

Para quem ainda não entendeu, vou repetir: quem adquire uma SAF, ou parte dela, não o faz para gastar dinheiro. Mesmo sendo apaixonado por um clube, o objetivo de qualquer investidor é o lucro. Pode até se dispor a abrir a mão no início, mas uma hora vai querer retorno.

Os atuais donos da SAF alvinegra investiram bastante nos últimos anos, montaram times vencedores, mas agora notaram que é preciso pisar um pouco no freio. Já os do Cruzeiro ainda estão na fase de aporte, mas certamente estabeleceram um limite, devendo adotar postura mais conservadora quando ele se aproximar.

Vamos ver como os fatos se desenrolam. Porém, não vejo saída que não o fair-play financeiro para termos nossos clubes viáveis.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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