
Saúde é o que importa
Os que alcançam o nível atingido por Tite costumam ser muito bem remunerados, mas também enfrentam situações adversas, além das cobranças externas
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Um dos técnicos mais vitoriosos da história do futebol brasileiro, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, anunciou esta semana uma pausa na carreira para cuidar da saúde, principalmente a mental. E não foi só o Corinthians, com quem tinha conversas adiantadas para assumir a vaga deixada por Ramón Diáz, mas o próprio meio do futebol, que se surpreendeu com a decisão, que vai se tornando comum no esporte de alto rendimento.
Só o treinador e sua família podem mensurar o que está ocorrendo. Mas o certo é que a pressão sobre os profissionais da área está cada vez maior e as redes sociais parecem ter muito a ver com isso.
Antes, jogadores, técnicos e dirigentes costumavam ser vaiados apenas quando estavam nos estádios para os jogos ou algum outro evento público. Agora, estão expostos praticamente o tempo inteiro, sendo notória a agressividade com que alguns se comportam, protegidos pelo fato de estarem atrás de uma tela, seja de smartphone, computador ou tablet.
Tite disputou duas Copas do Mundo como comandante da Seleção Brasileira e dirigiu equipes de grandes torcidas, como Flamengo, Corinthians e Atlético. Poderia esperar que ele estivesse mais que vacinado contra qualquer situação. Mas, para variar, não é tão simples, mesmo que aos 63 anos ainda tenha muita lenha para queimar.
Os que alcançam o nível atingido por Tite costumam ser muito bem remunerados, mas também enfrentam situações adversas, além das já citadas cobranças externas. Uma delas é ficar longos períodos longe da família, não podendo, por exemplo, acompanhar o crescimento dos filhos. Outra, as insatisfações dentro dos próprios clubes nos quais trabalham, onde comumente imperam a vaidade e a ambição.
Justamente por terem conseguido atingir a segurança financeira, outros treinadores vencedores optaram por encerrar a carreira. Alguns, seguindo uma máxima do futebol, se aposentaram antes de serem aposentados. Outros, antes que não tenham tempo para aproveitar o patrimônio que construíram com muito suor e dias intensos de trabalho. Caixão não tem gaveta, diz o dito popular.
Muitos vão dizer que os profissionais do futebol que atuam em clubes de massa ganham muito bem e tem de suportar as cobranças. Pode ser, mas há de se concordar que não é fácil conviver com tantas críticas, muitas delas infundadas.
Gostaria de ver Tite por mais alguns anos à beira dos gramados, principalmente porque a nova geração de treinadores brasileiros ainda não conseguiu se firmar completamente no nosso país. Porém, torço muito mais para que ele se recupere totalmente de quaisquer problemas que esteja atravessando e possa curtir o tempo que ainda tem de vida, no futebol ou longe dele.
Maratona
O Campeonato Brasileiro é tido como um dos mais difíceis do mundo e a edição deste ano comprova isso. Claro que ainda estamos no início e que muita coisa vai ocorrer, mas olhando a tabela e também o desempenho, há algumas surpresas e decepções.
No primeiro caso, destaco Bragantino e Fluminense. Antes da primeira rodada, ninguém – incluindo eu – apostaria que seriam times para brigar por vaga na próxima Copa Libertadores, mas eles estão lá, figurando no G-4. Já nas decepções, cito dois alvinegros, Atlético e Botafogo, que há menos de seis meses decidiram a Libertadores’2024.
Como é uma competição longa, mudanças vão ocorrer, até porque os clubes de menor investimento não têm condição de ter grupos recheados como Palmeiras e Flamengo, por exemplo. E aqueles com potencial, como o Galo, devem subir, até pelos investimentos que farão na janela de transferências que se abre em julho.
A maratona está só começando. Para quem gosta, é um prato cheio de emoções.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.