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Paulo Galvão
Paulo Galvão
Jornalista formado pela PUC Minas
COLUNA DOIS TOQUES

O fantástico e irreal mundo dos clubes de futebol

"O mercado está muito inflacionado, os salários são irreais para um país como o nosso. Posso estar enganado, mas vejo o precipício logo ali"

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Qual o limite de gastos para um clube de futebol no Brasil? Parece não haver. Ao menos é o que mostram os investimentos feitos na primeira janela de transferências de 2025, encerrada na última sexta-feira (28/2), no qual só os participantes da Série A gastaram cerca de R$ 1,74 milhão em contratações. É o maior montante registrado na história em um único período de negociações, valor que pode ser alterado em função de fatores como variação cambial, metas atingidas, luvas e pagamento de comissões a intermediários.

Movido pela paixão, o torcedor pode aplaudir o dirigente pela ousadia. Mas tem de ver como cada um vai pagar a conta. Ou se vai pagar a conta. O mercado está muito inflacionado, os salários são irreais para um país como o nosso. Posso estar enganado, mas vejo o precipício logo ali.

Afinal, a maior parte dos clubes nacionais têm dívidas altas e muitos seguem gastando mesmo sem quitar os débitos anteriores. Mesmo os que viraram Sociedade Anônimas do Futebol (SAFs) não mudaram muito as práticas financeiras.

O ideal seria termos uma legislação que impusesse o controle de gastos, como em países como Espanha, Inglaterra e Itália. Mas aqui quase ninguém parece disposto a apoiar esse tipo de iniciativa – John Textor, dono da SAF do Botafogo chegou a falar sobre isso, mas não obteve apoio público de seus pares.

Assim, seguiremos vivendo no fantástico mundo dos dirigentes irresponsáveis, que gastam mais do que arrecadam, endividam cada vez mais os times. Mas uma hora a conta chega, e aí a situação pode ter saído de controle.

“De nada adianta criar SAF sem um efetivo controle financeiro da gestão. A Europa viveu essa era de prejuízos absurdos, por falta de controle, e a situação só melhorou com o fair play financeiro. Sem regulação, magnatas gastam com salários altíssimos e contratações, sem se preocupar com orçamento, colocando em risco a saúde financeiro de todo o ecossistema do futebol”, diz o presidente da LaLiga, Javier Tebas, em resposta a questionamento de Amir Somoggi, sócio da Sports Value, sobre a criação das SAFs no Brasil.

Alguns vão dizer que cada dono gasta o que quiser com sua empresa, mas não é bem assim. Precisamos de regras que garantam a competitividade, para o bem do esporte, como defende Tebas.

Não há como ser contra os investimentos, mas eles precisam estar respaldados na capacidade de cada clube de gerar recursos. Não se pode permitir que um empresário coloque dinheiro de forma ilimitada, pois corremos um risco não só de desequilíbrio, mas também de protagonizarmos a disputa entre milionários para ver quem é mais rico ou quem é mais irresponsável.


FINAL DO MINEIRO

Começa neste sábado a decisão do Campeonato Mineiro de 2025 com o Atlético com amplo favoritismo. Tem mais capacidade de investimento, jogadores melhores e um treinador para lá de experiente.

Ao América, que vem sofrendo para se impor até diante de equipes inferiores, resta fazer dois jogos perfeitos. O jovem e bom treinador William Batista vai ter de justificar o apelido de “Bruxo” para bater o alvinegro, que luta pelo hexa.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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