Rosane Ferreira
Rosane Ferreira
Advogada especializada nas áreas de Direito de Família, Sucessões e Relações de Consumo, Mestre em Ciências da Religião. Ex -colunista ( por 11 anos) - Coluna Direito de Família no Jornal da Alterosa.
DIREITO SIMPLES ASSIM

O Censo de 2022 – As religiões no Brasil

O Censo de 2022 trouxe números interessantes para o contexto religioso brasileiro

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O Brasil é um país com diversidade religiosa significativa. Desde o início recebemos imigrantes de variados países, que chegaram trazendo em sua bagagem sua cultura e crença religiosa. Obviamente que o Catolicismo, trazido pelos colonizadores, ocupou grande espaço uma vez que foi imposto, tanto aos povos originários como aos africanos trazidos escravizados para cá.

 

Vale ressaltar que os povos originários tinham, como efetivamente têm, sua religiosidade praticada nos moldes de sua cultura. Os africanos escravizados eram ricos no culto de sua espiritualidade, mas foram obrigados a não manifestação dessa fé, e tiveram que criar meios de driblar os senhores sem abrir mão de sua crença.

 

 

Vieram os protestantes e timidamente foram tomando espaço com seus cultos e convertendo muitos católicos. Judeus, islâmicos, budistas, hinduístas e de outras denominações orientais também tiveram onde deixar suas sementes. O campo religioso brasileiro é vasto e vem mudando com o passar do tempo. Mas o catolicismo romano sempre prevaleceu em número de adeptos face às demais religiões.

 

Pois bem, tivemos censo em 2022 que ocorreu com atraso de dois anos, seja pela pandemia de 2020 e ainda, segundo informado, por falta de recursos. Vale lembrar que censo anterior aconteceu em 2010.

E o que o Censo de 2022 nos diz da movimentação do campo religioso?

 

Segundo dados do IBGE, nossa população encontra-se na casa de 203.080756 milhões de pessoas. Observando nesse recorte exclusivamente os números relativos à religiosidade e ou religião encontramos o seguinte quadro:


•Os católicos que em 2010 representavam 65,1% em 2022 sofreram uma redução de 8,4%, passando para 56,7%;


•Os evangélicos que em 2010 representavam 21,6% tiveram um aumento de 5,2%, chegando agora a 26,9%;


•Os espíritas em 2010 representavam 2,2% e teve uma queda de 0,4%, ou seja, agora são 1,8%;


•Já os umbandistas e candomblecistas em 2010 apresentava um número autodeclarado de 0,7% e agora 1,0%, tendo um crescimento de 0,3%;


•Os sem religião cresceram 1,4%, pois em 2010 eram 7,9% e agora 9,3%;


•O conjunto das demais religiosidades passou de 2,7% em 2010 para 4,0% em 2022.

 

 

Percebemos que houve um aumento de novos convertidos ao evangelismo ou evangelicalismo. Um ponto que pode ter contribuído para o significativo aumento é o fato de que à época do censo, o Brasil estava em ebulição com processo eleitoral, cujo apelo nas igrejas evangélicas impactou bastante.

 

Houve crescimento de autodeclarados umbandistas e candomblecistas, alguns dos quais se declaravam espíritas no passado. Basta observar que a baixa do espiritismo foi de 0,4% e o aumento das religiões afro-brasileiras foi em 0,3%.

 

Ainda existem aqueles frequentadores assíduos que praticam o duplo pertencimento religioso, mas na hora de declarar optam pela religião herdada ou de família. Aliás, a dupla pertença religiosa acontece também junto à Umbanda , Candomblé e nas demais religiosidades que não exigem conversão.

 

Regiões brasileiras e os grupos religiosos predominantes

 

-Catolicismo – Permeia todo o Brasil, mas com maior concentração no nordeste e no sul.


-Evangelicalismo- mais forte no norte, nordeste e centro oeste brasileiro.


-Espíritas – maior concentração sudeste.


-Umbanda e Candomblé – Predominam no Sul e Sudeste.

 

E o que tem chamado atenção não só no Brasil, mas também no mundo, é o crescimento dos sem religião. De forma geral observa-se um desencantamento uma perda de afeição, embora muitos acreditem no transcendente, em um Deus, desacreditam das instituições religiosas. Destaque-se ainda que no passado os pais obrigavam os filhos ao exercício religioso, o que nos tempos atuais não mais acontece.

 

O Censo também apurou raça, nível de escolaridade, nível econômico, idade predominante nas religiões pesquisadas, trazendo alguns pontos interessantes.

 

Assim, os católicos tem predominância branca e idosos; os espíritas têm maior nível de instrução, predominância de brancos pardos e amarelos; os evangélicos são maior número de jovens, negros e raça indígena; nas religiões afro-brasileiras maior número de pessoas brancas e instruídas; nas tradições indígenas os seus naturais e os negros; Os sem religião a maioria são homens e estão no sudeste e norte.

 

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Qual a importância disso?

 

Ora, as religiões em grande proporção, influenciam diretamente na forma de pensar, falar, agir e escolher. Assim estão presentes na atuação do indivíduo junto à sociedade. O religioso, elege, faz leis, julga, governa, desenvolve atividades das mais simples às mais complexas. Tem uma ética, segue uma moral. Faz uma leitura de tudo a partir de si, do seu campo de valores.

 

Vale lembrar que o estado é laico, as pessoas não.

 

Nos últimos tempos temos vivido atos de intolerância religiosa, quando na verdade deveríamos manter a liberdade de pensamento e crença de cada um. Esse campo religioso estará sempre em movimento, crescendo aqui, diminuindo ali e precisa ser observado com atenção, pois os reflexos irradiam por todos os demais setores da vida em sociedade.

 

Rosane Ferreira é advogada e mestre em Ciência da Religião

Fonte: Agência IBGE

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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