Liminaridade é oportunidade para evolução
Amadurecimento requer calma e reavaliar a própria identidade, valores e relações diárias, se preparando para as surpresas que o simples ato de viver reserva
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Você já sentiu a vida estagnada em algum momento? Sem qualquer perspectiva de melhora? A situação é mais comum do que parece e tem nome: liminaridade. Inicialmente, o termo foi criado por Victor Turner para indicar “a qualidade de ambiguidade ou desorientação no estágio intermediário de um rito de passagem, quando os participantes não mantêm mais o status pré-ritual, porém, ainda não começaram o status que terão, quando o ritual estiver completo”.
Os brasileiros não sabem lidar com a liminaridade no cotidiano. Com a vida cada vez mais intensa e corrida, pouco tempo sobra para que as pessoas possam avaliar suas vidas, vivências e o ocorrido durante o dia, sejam coisas boas ou ruins. Muitas vezes, o cansaço estimula o indivíduo a viver no automático, impedindo pensar em coisas para mudar o rumo, uma evolução para o bem.
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As redes sociais também são um problema, afinal, o excesso de informação provoca uma supervelocidade, gerando decisões cada vez mais rápidas, dificultando ainda mais uma autoanálise da vida, uma vez que agilidade e tempo são sinônimos de dinheiro.
Toda essa correria e estagnação afetam a saúde mental, causando ansiedade, depressão e síndromes, como a do pânico e o burnout, cada vez mais comuns em uma sociedade sobrecarregada e com pouco ou nenhum tempo para cuidar de si.
A falta de paciência para superar dificuldades também é um efeito da liminaridade, sendo que, na verdade, todos possuem momentos mais complicados na vida, situações que fazem parte de um processo de aprendizagem.
Para amadurecer, é preciso ter calma e reavaliar a própria identidade, valores e relações diárias, assim como, estar preparado para as surpresas que o simples ato de viver reserva para todos. Esse tipo de situação é ilustrado pelos diversos contos do escritor George Borten, em seu segundo livro de crônicas: “Travessias acidentais”.
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As histórias apresentam várias ocorrências extremas, provocando o leitor a perceber e avaliar os limites da liminaridade em sua própria vida. Ter um momento para si mesmo permite colocar os pensamentos em ordem e decidir qual o melhor caminho a seguir, aquele que leva aos sonhos e anseios mais profundos. É preciso avaliar, através do autoconhecimento, a capacidade de constante ajuste às mudanças, certamente uma situação muito diferente das sociedades pré-industriais.
A verdade é que esses períodos são liminares, um meio termo até o encerramento do ciclo, contudo, para superá-los, é preciso ter autocontrole e reavaliar, sempre, a própria identidade, valores, conceitos e as relações diárias. Mesmo com as antigas fórmulas, em determinados momentos, a vida se apresenta como incerta e surpreendente, entretanto, nem por isso, deve-se deixar abalar por cada intercorrência.
A liminaridade é uma oportunidade de desafiar, evoluir e testar a criatividade e habilidades, ter um momento para si mesmo permite colocar os pensamentos em ordem e decidir qual caminho seguir em busca de objetivos. Observar o cotidiano é parte da vida e, às vezes, tudo o que se precisa é parar, respirar e olhar para o interior e para quem está ao redor. A vida continua passando, é preciso de adaptação constante para vivê-la de forma adequada, só que agora em ritmo acelerado.
*** Saiba mais sobre neurociências, liminaridade e educação no canal no youtube @multi.educacao e sobre literatura no canal @multi.leitura. Confira a entrevista com o autor no link Video link
https://youtu.be/6BUcB6Le9JE
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.