
Hypes da comida
Qual será o próximo hype? Historiadores não preveem futuro, é verdade. Mas podemos aprender com o passado e o presente
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

- A ancestralidade e as histórias da culinária quilombola
- Mão de obra é questão urgente quando o assunto é gastronomia
Poderíamos passar horas listando essas “comidas da moda”. Algumas duram pouco, outras se instalam por anos, como parece ter acontecido com o brownie na última década. Lembro exatamente da primeira vez que preparei um, num ano-novo com amigos.
Não escapo. Recentemente, em Barcelona, visitando minha irmã e meu sobrinho, resolvi entrar no hype da torta basca, presença frequente nos cardápios “cool” de Belo Horizonte e de outras cidades brasileiras. Lá, porém, ela é reconhecida por tarta de queso vasca. Nada mais é do que uma espécie de cheesecake sem aquela massa na base. É caracterizado por seu exterior caramelizado, quase queimado, obtido por cozimento em altas temperaturas e seu interior cremoso.
Esse preparo costuma ser associado à San Sebastián, cidade costeira do País Basco, na Espanha. Ganhou projeção internacional na década de 2010, impulsionado pela escritora de culinária britânica Nigella Lawson. Mais recentemente, o cheesecake basco vem aparecendo recorrentemente nas redes sociais e, em 2021, foi apontado pelo The New York Times como um “sabor do ano”.
Numa das minhas investidas à torta basca, eu estava num grande centro de compras, com aquela estrutura comum: o primeiro andar é só de comidas bonitas e atraentes, repletos de lugares diferentes. Num deles, entrei. Por um segundo, me veio um flash: eu poderia estar em qualquer lugar do mundo. Brownie, cookies, cupcakes, bolos, bolos de camadas, e por aí em diante. E claro, torta basca. Eu me rendi copiosamente à cremosidade dela.
Qual será o próximo hype? Historiadores não preveem futuro, é verdade. Mas podemos aprender com o passado e o presente. Do morango do amor à torta basca, mudam códigos, mudam valores, mas a comida segue invicta expressando culturas e sociabilidades.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.