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Paulo Guerra
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Masdar ou Woven: qual inteligência liderará o futuro?

Enquanto uma resgata o passado para criar um futuro sustentável, a outra aposta em tecnologias ainda a serem desenvolvidas

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A Masdar City teve sua construção iniciada em 2006, no meio do deserto, nos Emirados Árabes Unidos. Ela foi criada pela Masdar Company, uma empresa de energia emirati, e atualmente conta com cerca de 15 mil habitantes.


A Woven City teve sua construção iniciada em 2020, na base do Monte Fuji, no Japão. Ela foi criada pela Toyota, empresa de mobilidade, e está em fase final de desenvolvimento. Os primeiros residentes devem se mudar para lá ainda neste ano.


Elas são duas das muitas cidades construídas para serem inteligentes, e apesar de terem histórias parecidas apresentam duas maneiras muito distintas de encarar a inteligência em âmbito municipal.
Talvez a parte mais chocante da Masdar City seja o fato de que a cidade é dedicada apenas a pedestres e ciclistas. A mobilidade de pessoas e cargas é feita exclusivamente por transporte público autônomo, elétrico e subterrâneo.


A Woven City mantém a lógica das ruas e o sistema de transporte de pessoas e mercadorias utiliza veículos elétricos autônomos. Mas tendo em vista sua fundadora, o foco na mobilidade é evidente. Por isso, a cidade foi construída como um laboratório para desenvolver e testar inovações. Por lá, existem três tipos distintos de ruas: exclusivas para pedestres, mistas (como as nossas) e ruas exclusivas para veículos autônomos.

Em termos de plano diretor, a Masdar City foi projetada para abrigar 40 mil moradores, além de 50 mil pessoas com trajetos pendulares diários e prevê a forma de cada edificação, o delineado de todas as ruas, o layout e composição de cada espaço público e das estruturas necessárias à reutilização de todo o lixo gerado. Há uma certa restrição em termos de liberdade de escolha com o intuito de se criar um equilíbrio entre aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Por outro lado, a Woven City foi projetada para 2 mil habitantes e utilizou a tecnologia de gêmeos digitais para criar o ambiente urbano em ambiente digital e realizar uma série de simulações e otimizações para fomentar a tomada de decisões. Nesse sentido, os parceiros do projeto têm mais liberdade de escolher as características de seus empreendimentos, respeitando, entretanto, alguns parâmetros previamente estabelecidos.


Na Masdar City, a exposição solar é um grande problema, já que a cidade está no meio do deserto. Por isso, o município foi projetado para que suas ruas recebessem apenas de 30 a 45 minutos de sol por dia e, além disso, o eixo principal da cidade está alinhado à direção do vento dominante. Essas estratégias fazem com que as temperaturas sejam de 10 a 15 °C mais baixas do que em Abu Dhabi, que está a menos de 20km de distância.


Na Woven City o problema é a variação de temperatura, já que em partes do ano faz muito frio e em outras muito calor, mas não encontrei soluções específicas para essa questão. De qualquer forma é nítido que os prédios utilizam muito mais vidro do que na sua concorrente.


Os edifícios da Masdar City são projetados para serem energeticamente eficientes, reduzindo o consumo de energia e minimizando a pegada de carbono. Eles incorporam inúmeras inovações em material e métodos construtivos para evitar aumento da temperatura, incluindo a blindagem de metal, revestimentos em terracota, paredes preenchidas com ar, varandas exteriores e maximização de áreas sombreadas.
Na Woven City também há a preocupação com eficiência energética e pegada de carbono, mas as soluções empregadas são menos prescritivas e há a possibilidade dos parceiros proporem novas tecnologias e testes.


Na Masdar City os prédios também são pensados para diminuir a quantidade de material e reduzir a carga da estrutura, por isso apresentam somente de 4 a 5 pavimentos e não têm garagem. Essas escolhas ajudam a diminuir a pressão nos sistemas geração de energia que são 100% alimentados por energia solar, eólica e geotérmica.

Na Woven City, a princípio, não existem essas limitações, e na parte de geração de energia, além da energia solar, também é utilizado hidrogênio verde, sendo esta, inclusive, uma das linhas de desenvolvimento tecnológico focalizadas.

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Na minha percepção, a grande diferença entre a Masdar City e a Woven City está na maneira como lidam com a tecnologia. Enquanto a primeira optou por demonstrar a viabilidade de tecnologias simples, algumas até resgatas do passado emirati, na cidade japonesa há um claro apelo pelo desenvolvimento de novas tecnologias, sendo algumas mais complexas.


Mas está enganado quem pensa que só a Woven City quer desenvolver tecnologia, ambas possuem centros de pesquisa e inovação no coração da cidade, demonstrando a importância que a ciência tem, mas a simplicidade e pragmatismo em relação às soluções propostas difere de maneira significativa. Em termos gerais podemos dizer que na Masdar City a tecnologia é um meio para uma vida melhor, na Woven City o desenvolvimento de tecnologia é o fim que se almeja alcançar.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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