Nenhuma outra geração apresenta desafios de saúde mental tão significativos quanto a Geração Z -  (crédito: Pixabay)

Nenhuma outra geração apresenta desafios de saúde mental tão significativos quanto a Geração Z

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Esses dias, conversando com o professor Caio Marini a respeito dos artigos da coluna, ele me perguntou:
- Você já parou para pensar que essa revolução das IA Generativas afeta as diferentes gerações de maneiras muito distintas?


E me mandou um artigo da ESADE - a mais importante escola de gestão da Espanha, que me espantou. Fiquei alguns minutos parado, perplexo e pensando em como era possível que algo tão óbvio tivesse me passado despercebido, e para evitar que o mesmo possa acontecer com alguém que acompanha esta coluna, achei que era bom escrever a respeito.


O desenvolvimento tecnológico está transformando rapidamente diversos setores da sociedade. No entanto, essa transformação não afeta todas as gerações da mesma maneira.

 

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Podemos dizer que, atualmente, temos seis gerações vivenciando aquela que é considerada a era 4.0. A Geração Silenciosa é composta pelos que nasceram entre 1928 e 1945, os “Baby Boomers”, entre 1946 e 1965, a “Geração X”, entre 1966 e 1980, os “Millenials”, entre 1981 e 1996,  a “Geração Z”, com os nascidos entre 1997 e 2010 e a “Geração Alfa”, nascida a partir de 2011 e ainda muito nova para deixar marcas. Há divergência sobre as datas, mas esses valores servem como referência aproximada para o que precisamos aqui.

 


No nosso imaginário, na era digital, a “Geração Z” sai na frente das demais por serem nativos digitais, ou seja, quando seus membros vieram ao mundo os computadores pessoais já estavam presentes em uma grande quantidade de lares e a Internet já era uma realidade massificada.


Mas o que os fatos têm demonstrado é uma realidade um pouco diferente. Um estudo da Mckinsey revelou que nenhuma outra geração apresenta desafios de saúde mental tão significativos quanto a Geração Z. As taxas de ansiedade, depressão e estresse dessa faixa etária estão entre as mais altas já medidas e correspondem a quase o dobro das taxas das outras gerações. 25% dos membros da Z, declaram ansiedade, stress ou depressão, contra 13% da X e dos Millenials e 8% dos Baby boomers. Os participantes da Geração Z também apresentaram pensamento suicida até 3 vezes mais frequentes e percepção de que suas necessidades sociais não são atendidas 3,6 vezes maior. Além disso, eles apresentaram 1,8 vez mais dificuldade de pedir ajuda quando comparada a outras gerações.

 


Os resultados espantam e as causas são pouco claras. Alguns especialistas dizem se tratar apenas de uma fase natural na evolução das pessoas, outros atribuem os resultados à facilidade e rapidez tecnológica que não pode ser experimentada em outras áreas da vida. Outros ainda apontam para a dependência química gerada pela liberação de hormônios do prazer gerada pelas interações com as redes sociais.


Por outro lado, enquanto 80% da Geração Z se sente confortável usando IA no trabalho, nos Millenials o número cai para 60% e atinge 20% entre o Baby Boomers. Outra pesquisa, da ESADE, mostrou que a Geração Silenciosa está desatualizada e é avessa à adoção tecnológica. Enfrentam por isso desafios relacionados à marginalização e exclusão.

 


Nem mesmo o histórico de construção da vida a partir de experiências práticas  foi capaz de aproximar os Baby Boomers da IA. A maioria deles até consegue perceber as facilidades entregues pela nova tecnologia, mas valores culturais como trabalhar duro, acabam criando uma certa aversão a algo que muitos consideram preguiça de pensar.


A Geração X foi última geração sem formação tecnológica na juventude, porém boa parte dos seus membros tem formação acadêmica sólida e tiveram que lidar com softwares e hardwares no ambiente profissional. Por isso, compreendem bem a tecnologia. Seu desafio, porém, reside na velocidade da adaptação e no dinamismo que quase sempre implicam em mudanças bruscas e recorrentes que os membros dessa geração muitas vezes não têm vontade ou condições de aplicar.

 

 

Por fim, temos a geração alfa, a primeira 100% digital. Seus membros mais antigos têm14 anos de idade e ainda iniciarão no mercado de trabalho. A maioria deles trabalhará em empregos que ainda nem existem, em contextos em que as atividades rotineiras serão executadas por máquinas ou inteligência artificial. Um dos principais desafios que terão que enfrentar é o desenvolvimento da resiliência e a capacidade de adaptação constante e acelerada.


Todas as gerações estão enfrentando desafios e a tendência é que eles se tornem cada vez maiores. Quanto mais a expectativa de vida crescer, maior tenderá ser a longevidade profissional das pessoas e maior será a necessidade de adaptação e aprendizado. Parece que algo no destino já está definido: o desconforto será uma constante.