Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Gasmig de contrabando no fim do referendo da Copasa

A equipe de Zema aposta que se ele não integrar a composição de uma chapa competitiva terá papel importante para empurrar a eleição presidencial ao 2º turno

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O governador Romeu Zema (Novo) vive o melhor momento político de seus dois mandatos. No plano nacional, pré-candidato ao Palácio do Planalto, ainda que sem característica particular que o distinga dos demais governadores presidenciáveis, ampliou a sua presença no cenário político em articulação com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Até aqui, não há conflitos de interesse: Zema e Ratinho Júnior (PSD) estarão na corrida presidencial em substituição à esperada ausência de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Nas projeções para o enfrentamento ao PT no plano nacional, a equipe de Zema aposta que se ele não integrar a composição de uma chapa competitiva terá papel importante para empurrar a eleição presidencial ao segundo turno. E esta é uma tarefa mais valorizada na medida em que, ainda sem ter se transformado em um cisne, o presidente Lula (PT) sai da condição de pato manco para buscar a reeleição, melhorando os seus indicadores de desempenho.

No plano estadual, o vice-governador Mateus Simões, recém-filiado ao PSD, pôs o pé na legenda do senador Rodrigo Pacheco (PSD). Até aqui, o senador seria o potencial adversário político que ocuparia o vácuo da esquerda, em condições de disputar com Mateus Simões legendas e atores do centro, da centro direita e da direita moderada e, mais importante, ameaçar a presença da Federação União Progressista no leque de aliança de Mateus.

Mateus Simões se filiou ao PSD, ali reforçando, também para Zema, as conversas nacionais que agora passam a ser conduzidas por Kassab, fortalecido por incorporar os ativos mineiros em sua eclética bolsa política. Embora o vice-governador tenha à frente problemas para unificar o campo bolsonarista à sua campanha, a filiação ao PSD mandou ao meio político uma mensagem importante: integra agora uma legenda com projeto político e viabilidade nacional – com bancada federal, fundo partidário, fundo eleitoral e capacidade de articulação política.

Também na Assembleia Legislativa, Zema colheu uma dupla vitória na semana passada, que tenta, no embalo das conquistas, transformar em triplo carpado. De carona no Programa de Pleno Pagamento de Dívidas de Estados (Propag) – construído por Tadeu Leite (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD) em articulação com Lula, sem a participação do governo de Minas –, Zema fez da vitória política adversária – que substituirá com grande vantagem ao estado o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) –, a doce limonada. Usa agora o Propag para alcançar a sua plataforma de campanha que em quase sete anos de mandato não conseguiu viabilizar no Legislativo estadual: privatizar a Copasa, a Cemig e a Gasmig, protegidas por Itamar Franco, em 2001, então no PMDB, por meio de uma emenda constitucional que obriga a realização de referendo popular para a venda das estatais de água, esgoto, energia elétrica e gás.

Sob o argumento de que precisaria de R$ 3,5 bilhões da venda da Copasa para investimentos exigidos pelo Propag, Zema convenceu a sua base legislativa a assumir o desgaste político: aprovar em primeiro turno uma mudança na Constituição que retira o pé da consulta popular da janta da privatização. Passou em primeiro turno com 52 votos, quatro a mais do que os necessários, fazendo ouvidos de mercador para a grita das galerias, sindicatos, movimentos sociais e da bancada. De quebra, levou também algum desgaste ao presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), nome sem rejeição e que transita em todos os espectros políticos.

Não é coisa ruim para o governo Zema enfraquecer Tadeu Leite, a quem Mateus Simões adoraria ter como vice em sua chapa. Se optar por concorrer ao governo de Minas, Tadeu Leite tem potencial para ser um adversário indigesto. No embalo de tantas conquistas, o governo Zema colocou em prática nesta terça-feira uma manobra ainda mais ousada, que vinha sendo arquitetada, quando sentiu que passaria a PEC do fim do referendo para a venda da Copasa: um substitutivo na comissão especial, que analisa a proposição em segundo turno incluindo a Gasmig no pacote. Gritas de cá e de lá, pelo momento, o substitutivo foi retirado. Segue em curso a votação em segundo turno para acabar com a consulta popular para a venda da Copasa.

Pai da ideia

Corre na Assembleia Legislativa que o deputado estadual Gil Pereira (PSD) foi um dos mentores intelectuais da inclusão da Gasmig no texto substitutivo apresentado na Comissão Especial para análise, em segundo turno, da PEC 24/2023, que extingue a necessidade do referendo para a privatização da Copasa. Assinado por Gustavo Valadares (PSD), o substitutivo incluiu a Gasmig de carona na proposição. Os parlamentares do Bloco Democracia e Luta, de oposição, foram surpreendidos com a manobra. Foi um dia tenso. Para não arriscar a Copasa, a base do governo estadual recuou e retirou o substitutivo. Ninguém se espantará se voltar depois.

Ataques cibernéticos

Ataques cibernéticos à Caixa Econômica Federal com desvios de mais de R$ 5 milhões em 12 contas municipais serão debatidos na Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (30/10), em audiência pública da Comissão de Administração Pública. Os municípios atingidos foram Monte Sião, Carmópolis de Minas, Serro, Ribeirão Vermelho, Presidente Juscelino e Luz. A audiência foi proposta pelo deputado Rodrigo Lopes (União), para apurar as circunstâncias em que ocorreram os desvios. Entre as responsabilidades investigadas estão a possível participação ou falha de servidores e a responsabilidade da instituição financeira. Foi aberta sindicância e instaurada notícia-crime na Polícia Federal.

Auditoria

Sthefano Scalon Cruvinel, auditor institucional da Prefeitura de Monte Sião e CEO da EvidJuri, empresa de auditorias e perícias digitais, fará análise técnica sobre os mecanismos de fraude e as vulnerabilidades cibernéticas, além de compartilhar experiências em rastreamento de ativos e perícia em incidentes financeiros de grande porte. Segundo ele, os ataques cibernéticos demonstram a necessidade de uma política nacional de cibersegurança voltada também à administração pública, principalmente em bancos públicos.

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Turismo seguro

Com a capacitação de prestadores de serviços, protocolos de segurança, apoio ao empreendedorismo feminino e a concessão de selo de boas práticas, o Projeto de Lei 4060/25, de autoria da deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede), institui a Política Estadual de Estímulo ao Turismo Feminino Seguro. A matéria foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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