Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Em sintonia com Pacheco, Damião se aproxima de Lula

Lula, que não escolheu Belo Horizonte aleatoriamente, convidou Álvaro Damião a Brasília para assinar contratos para investimentos em mobilidade urbana

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Apesar do anunciado desembarque – ainda não efetivado – da federação União Progressista do governo federal, o presidente Lula (PT) e o prefeito Álvaro Damião (União) estão em rota de aproximação. O fiador é o senador Rodrigo Pacheco (PSD), provável candidato ao governo de Minas com apoio de Lula. A troca de afagos se iniciou há 12 dias, quando o presidente escolheu a capital mineira para lançar o programa nacional Gás do Povo, no Aglomerado da Serra.


Damião apontou para trajetórias e características que entendeu serem comuns: “Quando o senhor lança um projeto como esse, pode ter certeza absoluta de que está cuidando das pessoas mais simples, das que mais precisam”, declarou Damião, com a mão apoiada no ombro de Lula, acrescentando que ambos são fluentes no “populês”.


Lula, que não escolheu Belo Horizonte aleatoriamente, convidou Álvaro Damião a Brasília para assinar contratos para investimentos em mobilidade urbana, vinculados ao projeto Renovação de Frota do Programa de Aceleração do Crescimento – Seleções (PAC Seleções). Damião aceitou o convite. E, em acordo com Rodrigo Pacheco, preparou a sua lista de demandas para a capital mineira. Álvaro Damião quer obras; Lula e Pacheco, apoio em 2026. Justos e acertados, Damião espera entregas para a contenção de encostas, para investimentos em moradia e saneamento nas vilas e favelas, no Rodoanel e mais recursos para a mobilidade. O pacote assinado supera R$ 700 milhões.


Como maior liderança eleita do União em Minas, Álvaro Damião tem expectativa de comandar a federação União Brasil no estado. Em que pese as conversações estejam avançadas entre o PP de Ciro Nogueira e Marcelo Aro (PP), secretário de estado de Governo, para que a federação se mantenha com a candidatura ao Palácio Tiradentes do vice-governador Mateus Simões (Novo), a expectativa de Damião e Pacheco é outra.


O senador integra o grupo de Davi Alcolumbre (União -AP), presidente do Congresso Nacional. Sabe que tem nele aliado para disputar em Minas o apoio dessa federação. Pacheco defende que a federação seja entregue ao comando de Álvaro Damião no estado.


Assim, em caminho inverso àquele traçado pela federação no plano nacional, União e PP avançariam em Minas com o campo político de Lula. Se um dia antes o vice-governador Mateus Simões dera um passo a mais em direção à sua filiação ao PSD, legenda de Pacheco, no dia seguinte, o senador apresentou o troco: afia o capital político para brigar pela federação União Progressista.


Mateus Simões, que até aqui orbitou o bolsonarismo, se prepara para disputar com Rodrigo Pacheco o eleitorado do centro na sucessão ao governo de Minas. A mudança de rota se explica: até aqui, não conseguiu a unidade do campo bolsonarista em torno de seu nome. Ao contrário, estão postas duas candidaturas: a do senador Cleitinho (Republicanos) e a do deputado federal Nikolas Ferreira (PL).


No primeiro turno, não haveria, nesse cenário, espaço para Mateus Simões garimpar votos na direita bolsonarista. O vice-governador voltou-se aos partidos da direita moderada. Viu boa oportunidade de filiação no PSD: a legenda está em sua base na Assembleia Legislativa, tem convite do presidente estadual, Cássio Soares, e do presidente nacional, Gilberto Kassab.


Por fim, mas não menos importante, ao sul do país, mais particularmente no Paraná, Novo e PSD estão alinhados para a sucessão estadual. E numa eventual candidatura de Ratinho Junior (PSD) ao Palácio do Planalto não estaria descartada uma composição com o governador Romeu Zema (Novo), que poderia entrar como vice na chapa.


Rodrigo Pacheco não gostou da movimentação de Mateus Simões, que se arrasta há quase um ano em direção ao PSD. Respondeu. Dá demonstração que tem capital político para brigar pela federação União Progressista em Minas. É campanha que segue.

 


Entre dois fogos

O coordenador da bancada federal mineira, Igor Timor (PSD), esteve nesta terça-feira à noite no encontro da legenda, da qual participou o vice-governador Mateus Simões (Novo). Hoje, Igor Timor deverá almoçar com Mateus Simões, em Brasília. O parlamentar elegeu-se para a coordenação da bancada com o apoio do deputado federal Luiz Fernando (PSD), que é do grupo de Rodrigo Pacheco.

 

 

PEC da blindagem

Deixa a relatoria o deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), indicado por Hugo Motta (Republicanos- PB), e entra Claudio Cajado (PP-BA), aliado do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Cajado se reuniu com líderes para discutir pontos da PEC e deve apresentar uma versão que agrupe consensos internos.

 


Minuta da impunidade

A minuta do texto estipula 90 dias de prazo para que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal provem ou rejeitem a abertura de processo contra parlamentares. Caso não haja decisão nesse período, a autorização será automática. A votação sobre a abertura da ação será secreta, e o texto ainda amplia o foro privilegiado para presidentes nacionais de partidos políticos, que seriam julgados apenas no STF.

 

 

E o Senado?

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), foi convocado por aliados do senador Rodrigo Pacheco (PSD) à luta contra a filiação do vice-governador Mateus Simões (Novo) à legenda. O argumento principal: se Rodrigo Pacheco tiver de deixar o PSD pela filiação de Mateus Simões, seja qual for o destino do senador, não haverá espaço para a candidatura de Alexandre Silveira ao Senado Federal.

 

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Em alta

A celebração dos 190 anos do parlamento mineiro reuniu, nesta terça-feira, no Palácio das Artes, para a entrega da Medalha do Mérito Legislativo, oito presidentes e um vice-presidente de assembleias legislativas de nove estados – Bahia, Pernambuco, Goiás, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraíba, Espírito Santo, Sergipe e Piauí. Além deles, quatro ex-presidentes da Assembleia de Minas – Agostinho Patrus, atual vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Adalclever Lopes (PSD), atualmente deputado estadual, Mauri Torres, conselheiro do TCE aposentado, e José Santana. Orador da cerimônia, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Antonio Anastasia, teceu elogios à atuação do presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB), pelo “equilíbrio”, “diálogo” e a “convergência”, características que lhe deram protagonismo na articulação de uma alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, que culminou na criação do Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag).

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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