Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

O cabo de guerra em torno do PSD de Minas

O PSD são muitos. É uma legenda que tem o DNA pragmático da composição: integra a base do governo Romeu Zema, está na base do governo Lula com três ministérios

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O vice-governador Mateus Simões (Novo) decidiu ir ao evento de filiação de novos prefeitos do PSD uma hora antes de seu início. “Só vou na casa quando o dono me convida. Recebi um convite do presidente nacional, Gilberto Kassab e do presidente estadual, Cássio Soares. Recebi convite dos prefeitos que estão se filiando. Não teria porque não ir”, informou a esta coluna.

O convite a Mateus Simões poderia ser entendido como cortesia ao vice-governador, uma vez que a legenda está na base de sustentação do governo Romeu Zema da Assembleia Legislativa. Mas na medida em que Mateus Simões vem mantendo há um ano conversas com Kassab para filiação à legenda; e na medida em que o entorno do vice-governador dá como certo o ingresso dele no PSD, não se trata de cortesia. A direção do PSD em Minas em acerto com a direção nacional, pelo momento, faz a sua aposta.


De grande encontro nacional, como se anunciou no primeiro semestre antes da morte do prefeito Fuad Noman (PSD), o evento do PSD em Belo Horizonte desta segunda pretenderia ser um ato mais discreto de novos filiados, para trazer a “pacificação interna”, conforme chegou a mencionar Cássio Soares.

Por algumas vezes a presença de Mateus Simões foi cogitada, nunca confirmada. Aliados de Mateus Simões chegaram a anunciar a filiação dele ao PSD neste evento. Houve reação. No início deste mês, Rodrigo Pacheco divulgou uma nota pública em que cobrou do PSD de Minas "um freio nas movimentações internas para aderir a projetos eleitorais de políticos da extrema-direita”, ao mesmo tempo em que criticou a “tentativa desenfreada” de antecipar o calendário eleitoral do ano que vem por meio de disputas partidárias.

A presença de Mateus Simões no evento é claro sinal de que o grupo que o apoia não vai recuar e, ao que tudo indica, tem respaldo de Gilberto Kassab. É ainda mais simbólica porque era sabido que estaria ausente, até em protesto contra a movimentação da direção estadual da legenda pela filiação de Mateus Simões, parte influente do grupo de Brasília: o senador Rodrigo Pacheco, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, o deputado federal Luiz Fernando e o deputado federal Igor Timor, que assumiu a coordenação da bancada federal.


O PSD são muitos. É uma legenda que tem o DNA pragmático da composição: integra a base do governo Romeu Zema, está na base do governo Lula com três ministérios, está na base do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), no qual Kassab é secretário de Governo e Relações Institucionais. O presidente nacional do PSD sonha em ser candidato ao governo de São Paulo, com apoio de Tarcísio de Freitas, caso ele concorra ao Palácio do Planalto.


Se de fato se confirmar a filiação de Mateus Simões ao PSD, Minas integrará a metade em direção ao Sul do país onde pessedistas tendem ao antilulismo ou são antilulistas declarados. Na outra parte do Brasil, estão os pessedistas que tendem ao apoio a Lula: o prefeito Eduardo Paes (RJ), a governadora de Pernambuco Raquel Lyra, os senadores Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM), o ministro da Agricultura e Pecuária, senador Carlos Fávaro (MT), o ministro da Pesca e deputado federal André de Paula (PE). Na hipótese da filiação de Mateus Simões não haveria espaço para a permanência do grupo mineiro mais inclinado ao apoio a Lula.


Gilberto Kassab é político experiente, com fama de ter um “faro” apurado para identificar a direção das birutas. Talvez, desta vez, esteja se precipitando. A possibilidade de melhora nos indicadores de avaliação de Lula sugeririam ser mais prudente aguardar a evolução das pesquisas. Se Lula engatar uma linha ascendente, talvez ao PSD interessaria manter a ambiguidade que o caracteriza, em todos os governos, de diferentes espectros ideológicos, posição que lhe permitiria escolher qualquer um dos caminhos, no momento conveniente.


Entretanto, o PSD dá sinais que vai de Tarcísio de Freitas, caso este concorra à Presidência da República, assim rompendo com Lula. Alternativamente, se Tarcísio recuar, o PSD lançará ao Planalto Ratinho Junior, governador do Paraná e, nessa composição, poderá haver uma vaga de vice na chapa para o governador Romeu Zema.

Indignado

O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) está indignado com a proposta de “anistia light” que é articulada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e vem sendo encampada por integrantes do Centrão. A proposta trata da redução das penas sem tocar, contudo, na condenação criminal por tentativa de golpe de estado. “A proposta é inaceitável. Quem a articula pretende manter Bolsonaro condenado e inelegível, com a notória estratégia de o Centrão articular uma chapa sem a família Bolsonaro”, diz Caporezzo.

O parlamentar acrescenta: “Com essa proposta, pretendem atacar os filhos de Jair Bolsonaro, em especial Eduardo Bolsonaro, que será candidato à Presidência caso o pai não se viabilize. A narrativa é de que os filhos e os bolsonaristas autênticos não querem anistia light porque só estariam preocupados com Bolsonaro. Isso é mentira, pois, sempre defendemos a anistia ampla para todos”.

No TSE

Caporezzo foi a Brasília para dar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ser visto por ele no momento em que ele entrou no Hospital DF Star para procedimentos médicos no domingo. E lá permaneceu, em articulação com os parlamentares do bolsonarismo raiz, que brigam por uma anistia ampla. O parlamentar sustenta: “Todos nós estamos trabalhando por Jair Bolsonaro presidente. Se o pai não vier, o melhor nome é Eduardo”, afirmou. Caporezzo avalia: “Política são nuvens. Daqui a um ano haverá mudanças no TSE. Pelo momento, a anistia que queremos é 2019 para cá. Isso acontecendo, Bolsonaro será o favorito para 2026”, afirmou

Nova carteira

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, ficou em Belo Horizonte pela manhã desta segunda-feira para renovar a carteira de policial no Instituto de Identificação do Barro Preto. Na avaliação dele a esta coluna, o governo Lula chegará em março de 2026 competitivo. Dois robustos programas sociais, foram gestados no Ministério das Minas e Energia: o “Gás do Povo” e o “Luz do Povo”, ambos para famílias vulneráveis, inscritas no CadÚnico, respectivamente com renda per capita até R$ 759 e isenção até o consumo de 80kWh. E há outras bondades a caminho: o projeto de lei para a isenção do Imposto de Renda (IR) até a faixa de R$ 5 mil.

Saudades

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Antonio Anastasia, vai ser homenageado nesta sexta-feira pela Associação dos Delegados da Polícia Civil (Adepol). A categoria diz ter saudades do tempo em que o ex-tucano governava o estado.

Propaganda

O PSDB de Minas estreia uma série de inserções de sua propaganda partidária nesta segunda-feira fazendo o contraponto entre resultados obtidos nas gestões tucanas e os resultados do atual governo Zema. Em quatro filmes, a campanha questiona a estagnação de Minas. “Minas parou”, diz o deputado federal Aécio Neves. “Minas já foi referência nacional, hoje virou piada e perdeu relevância”, acrescenta o deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente estadual. Ambos criticam a falta de protagonismo político do estado no plano nacional.

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