Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Com quem a Federação União Progressista ficará em Minas?

Em seu nascedouro, a federação agrega 14 senadores (17,2% do plenário) e 109 deputados federais (21,2% das cadeiras), estatística que conta para as legendas

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A federação partidária que emerge do chamado Centrão agora está formalizada no principal “bloco político” do país. No cenário da polarização que empurra parlamentos à paralisia – a bancada bolsonarista e a esquerda se enfrentam em temas no campo dos costumes e pelo significado de uma série de verbetes como “democracia” e “liberdade” –, a construção de governabilidade passará pelo União e PP – ou União Progressista, assim como hoje já passa pelo Centrão. São baixas as chances de que bolsonaristas – imersos em universos informacionais distintos – convirjam com a esquerda em pautas, o que vale inclusive naquelas de interesse de governos em que um dos lados esteja na oposição.


Em seu nascedouro, a federação agrega 14 senadores (17,2% do plenário) e 109 deputados federais (21,2% das cadeiras), estatística que conta para as legendas. A nova federação vai controlar, de imediato, o quinhão de R$ 954 milhões do fundo partidário. E não apenas este. A distribuição do fundo eleitoral, da propaganda partidária e do tempo do Horário Eleitoral Gratuito se respalda no tamanho das bancadas eleitas em 2022 da Câmara dos Deputados.


Com o PP presidido em Minas pelo deputado federal Pinheirinho e o União pelo deputado federal Marcelo Freitas, o comando da federação no estado será dividido até dezembro entre Antonio Rueda e Ciro Nogueira, respectivamente presidentes nacionais do União e do PP. A partir de 2026, Rueda assumirá a presidência do bloco nacional, quando o comando em Minas da federação voltará a ser debatido. Importante ativo eleitoral para as eleições de 2026 – principalmente pelo tempo de antena –, o caminho do bloco para a sucessão estadual dependerá de um conjunto de variáveis no plano nacional.


Embora as principais lideranças do bloco defendam o apoio a um nome da centro-direita à Presidência em 2026 – Ronaldo Caiado (União) é pré-candidato e Tarcísio de Freitas (Republicanos) teria potencial para unificar apoios –, União e PP não irão entregar os ministérios do governo Lula neste momento. Seguem no modo “morde e assopra”, mantendo e/ou ampliando posições na máquina da União, até o momento da definição. A hora do “ficar” ou “partir” vai ser dada pelas estatísticas de desempenho e aprovação do governo Lula, o que, em si, irá influenciar também a decisão de Tarcísio de Freitas de concorrer à reeleição ou ao Planalto.


Que posição adotará a federação União Progressista na sucessão mineira ainda é processo em aberto. A aposta na recuperação do governo Lula e na candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao governo de Minas são importantes variáveis da equação. Descartada a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) – perspectiva que chegou a estimular articulações de aliados pela nomeação de Pacheco àquela Corte –, cessam as especulações de que o senador não disputaria o governo de Minas. Ao contrário, interlocutores têm registrado que ele segue costurando alianças e apoios.


A candidatura de Pacheco mexe no tabuleiro mineiro, que neste momento coloca União e PP mais próximos do vice-governador Mateus Simões (Novo): Marcelo Aro, secretário de estado da Casa Civil é do PP, está construindo a sua candidatura ao Senado há quase oito anos, e é articulador político do governo Zema. Além disso, União e PP estão na base de Zema. Rodrigo Pacheco está no PSD – legenda que em Minas flerta com Mateus Simões. Pacheco neste momento fica no PSD, mas tem convite para filiar-se ao União e ao PSB. Se o senador optar por migrar para o União, tem a promessa do comando da federação em Minas, que seria dada ao prefeito Álvaro Damião (União).


Bloco de “resultados” que mira a reeleição de seus integrantes e a ampliação de seu acesso aos recursos públicos, em Minas e no Brasil União e PP estão confortáveis para fazerem as suas apostas eleitorais em 2026, sem tormento caso enfrentem eventual derrota. Com a influência que têm e terão nos parlamentos eleitos em 2026, seguirão firmes com o lema: “Tem governo, estou nele”. Como nos processos celulares de osmose, nem fará esforço para isso.

 

 

Decreto

Foram consideradas produtivas as conversas do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), com Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria das Relações Institucionais. Tadeu procurou demonstrar a necessidade de compatibilizar os prazos para que o estado apresente ativos destinados à amortização da dívida de Minas com a União, os prazos de avaliação desses ativos pelo BNDES e para a adesão ao Plano de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). Cogita-se a publicação de um novo decreto indicando novos prazos para o final de 2026, depois das eleições.

 

 

Casamentos

Muito se falou da fusão entre PSDB e Podemos, fracassada no momento de selar a união. E também das conversas entre Republicanos e MDB para uma federação, que no momento estão em compasso de espera. Prosperaram, contudo, neste contexto em que legendas tentam superar as cláusulas de barreira, a federação entre PRD e Solidariedade e a federação entre PSB e Cidadania.

 

 

Unidade

Otacilinho, presidente estadual do PSB e prefeito de Conceição do Mato Dentro está otimista com a organização do PSB e Cidadania em Minas Gerais. “Essa é uma federação fundamental para Minas Gerais e para o Brasil. Vamos construir um grupo político unido, forte e competitivo nas eleições de 2026”, afirmou, considerando que irá se reunir com o deputado estadual João Vítor Xavier, presidente estadual do Cidadania, para acertar os encaminhamentos da nova federação. “O diálogo e a boa política continuarão sendo a base de todas as nossas decisões”, disse.

 

 

Crimes sexuais

Está pronto para a votação definitiva em plenário da Assembleia o Projeto de Lei 696/23, que veda a nomeação no Estado de pessoas condenadas por crimes sexuais contra crianças e adolescentes. De autoria da deputada Marli Ribeiro (PSC), a proposição recebeu parecer favorável de 2º turno em reunião da Comissão de Administração Pública nesta terça, em relatoria da deputada Beatriz Cerqueira (PT).

 

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Revolta


Em sequência às críticas postadas no X pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) dirigida aos governadores presidenciáveis, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) abriu a artilharia contra o governador Romeu Zema, em discurso na Assembleia. Não poupou adjetivos.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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