x
Bertha Maakaroun
Bertha Maakaroun
Jornalista, pesquisadora e doutora em Ciência Política
EM MINAS

Uma corrida entre bananas e investimentos

Para se cacifar dentro de seu campo político, Zema precisa de Lula. Quer se apresentar ao país como o governador que confronta o presidente da República

Publicidade

Mais lidas

Em sua disputa pelo espólio do eleitorado bolsonarista e da direita radical com outros governadores “presidenciáveis” que orbitam o espectro do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zema sai em desvantagem. Embora governe o terceiro maior PIB do país e o segundo colégio eleitoral, apresenta altas taxas de desconhecimento junto ao eleitorado, não se notabiliza por ser um articulador político e está filiado ao Novo, uma legenda sem bancada federal, sem tempo de antena, com acesso periférico a fundos partidário e eleitoral. Zema tem uma taxa de aprovação – por volta de 60% – que não o destaca de seus competidores.

 

Do outro lado está Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o protagonismo natural que brota do estado de São Paulo que se crê país; filiado ao partido que comanda a Câmara dos Deputados e integra o pelotão de cinco legendas de porte médio, com bancadas entre 40 e 59 parlamentares. Ao lado de Tarcísio, está o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que com interlocutores já considera concorrer ao governo paulista com o apoio de Tarcísio, na hipótese de ele disputar a presidência da República.

 

Também com o governador de São Paulo está o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, secretário de Governo e de Relações Institucionais de São Paulo. Kassab igualmente se equilibra na base do governo Lula, o que gera turbulências com a família Bolsonaro, na gestão da influência política sobre o governador de São Paulo. Talvez para Kassab, lançar a candidatura ao Planalto de Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná, seja o mais seguro “salvo conduto” neste momento em que Jair Bolsonaro investe todo o seu capital político para seguir anunciando que concorrerá à Presidência em 2026, apesar de estar inelegível.
De Goiás, filiado ao União-Brasil, há o governador Ronaldo Caiado. Assim como Ratinho, com índice de aprovação na casa dos 80%. Nesta corrida pré-eleitoral, Caiado já larga apresentando o “trunfo” do cantor sertanejo na composição de sua eventual chapa presidencial.

 

 

Até por compreender tal cenário, o governador Romeu Zema tem se apresentado ao seu campo político quase de forma acanhada, de antemão dizendo que aceitaria ser o vice em uma chapa de composição. Para qualquer desses candidatos, Zema seria o vice que reúne a maior das qualidades: governa Minas Gerais. Entretanto, Zema incorre aí em um erro de avaliação: o de considerar que uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto – que só será aceita por Bolsonaro à véspera do registro de candidaturas, por pressão externa ao seu círculo radicalizado – terá autonomia para montar a chapa. Nessa hipótese Bolsonaro tratará de indicar o vice. E será um dos membros de sua extensa família que vive da política.

 

Para se cacifar dentro de seu campo político, Zema precisa de Lula. Quer se apresentar ao país como o governador que confronta o presidente da República, mesmo quando esse participa de eventos de interesse de seu estado, estimulando ou anunciando investimentos. Mais importante do que argumentos concatenados e uma crítica adequada é se mostrar aguerrido. Gera bons cortes. Diferentemente de Tarcísio de Freitas, que recebe o presidente adversário em São Paulo com cortesia, principalmente quando Lula anuncia obras e investimentos; Zema tem para si que neste momento não pode se dar ao luxo de tais civilidades.

 

Zema está levando a sua estratégia a sério, não se importando inclusive de comer banana com casca para alimentar as redes. Lula vai dando corda. Com a popularidade em baixa e um governo que bate cabeça na comunicação política, o presidente da República não está em seu melhor momento político. Ao mesmo tempo, Lula deixou a Zema nesta semana o desafio afirmado em Betim e reiterado em Ouro Branco: a comparação dos investimentos feitos por seu governo em Minas com aqueles realizados por Jair Bolsonaro no estado. Para os mineiros deste estado pêndulo, esta é uma competição que poderá trazer bons resultados. Que deixem as bananas de lado, apresentem números e invistam mais. Os mineiros merecem.

 


Taxação do aço

Os aços planos e longos de Minas Gerais exportados para os Estados Unidos em 2024 e listados na proclamação de Donald Trump somaram 306 mil toneladas e representam 19% das exportações totais de Minas Gerais para aquele país. “O impacto da sobretaxação é severo porque, diferentemente de outros estados, as exportações mineiras estão mais concentradas em aços planos e menos em semimanufaturados”, avalia o economista Alexandre Brito, doutorando em Relações Internacionais, consultor e professor da PUC Minas. “Entretanto, se na negociação entre os países vigorarem as cotas de exportação isentas de sobretaxas, definidas em 2018, o impacto será bem menor”, afirma o economista, considerando que para aços laminados ela foi de 687 mil toneladas e para semielaborados, de 3,5 milhões de toneladas. “Mas o cenário hoje é mais complexo, o governo Trump está mais radicalizado e a essas cotas poderão não ser mantidas”, acrescenta.

 


Diálogo

Em nota pública, a Câmara Americana de Comércio (Amcham) afirmou esperar que o Brasil e os EUA intensifiquem de imediato os esforços para alcançar uma solução que preserve o comércio bilateral. Também o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, considera a negociação o melhor caminho. “Se houver um acordo, a tendência é de que a exportação de aço brasileiro aumente para os Estados Unidos, com um cenário positivo”, afirma, ressalvando que “se o bom senso não prevalecer, haverá consequências” para parte da indústria nacional, especialmente a mineira.


Brigada de Juiz de Fora

Ao se manifestar à Justiça Federal, em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, a Advocacia-Geral da União (AGU) contrariou a posição do Comando do Exército: sustentou que a denominação “Brigada 31 de Março”, homenagem à data do golpe de 1964, dada à 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha de Juiz de Fora, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A corte declarou inconstitucional o uso de recursos públicos para promover comemorações ao golpe de 1964.

 

 

Madrugada do golpe

A “Brigada 31 de Março” está instalada na antiga sede da 4ª Região Militar, de onde, na madrugada de 31 de março de 1964, o general Olympio Mourão Filho, então chefe da unidade sediada em Juiz de Fora, mobilizou suas tropas em direção ao Rio de Janeiro. A ação deu início ao golpe que depôs o presidente João Goulart e instalou por 21 anos a ditadura militar no país.


Sede

Mila Corrêa da Costa foi empossada nesta quarta-feira à frente da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG). Ela substitui o ex-secretário Fernando Passalio, que assumiu a presidência da Copasa.

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay