Dilma Rousseff e José Alencar em evento na Fiemg, em 2010: a futura presidente e o vice-presidente tornaram público o tratamento de câncer, que deixou de ser tabu -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A. Press – 7/4/10)

Dilma Rousseff e José Alencar em evento na Fiemg, em 2010: a futura presidente e o vice-presidente tornaram público o tratamento de câncer, que deixou de ser tabu

crédito: Jair Amaral/EM/D.A. Press – 7/4/10

Por 14 anos, período em que fez o ingresso tardio na política e se elegeu duas vezes vice-presidente da República, o empresário José Alencar Gomes da Silva lutou contra o câncer. Tornou-se emblemática personalidade da política mineira por uma série de razões, entre as quais, três se destacam. Em primeiro lugar, foi o porta-voz – entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011 – da cruzada nacional contra as altas taxas Selic. Talvez, se Lula 3 tivesse o mesmo vice-presidente de Lula 1 e 2, não precisasse se expor tanto nesse embate com Roberto Campos Neto.

 

Ao empunhar tal bandeira, Alencar expelia todos os recados ao sistema financeiro: dizia que a questão era mais política do que técnica e sugeria que o Banco Central (BC) – à época presidido por Henrique Meirelles, que gozava de autonomia operacional – deveria se submeter a uma ordem do Executivo, para adotar taxas “de mercado”. Enquanto Alencar batia com incansável energia; ao presidente restava o tom moderado. Em 18 de março de 2005, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, Alencar sustentou que “o discurso de campanha ainda não havia tomado o poder”.

 

Pregou a necessidade de uma “revolução” que romperia de forma definitiva com o que apontava como o “grande entrave” para o crescimento econômico: os altos juros. “Chama o FMI, chama o Joseph Stiglitz, chama o Milton Friedman, chama o professor Delfim Netto, desperta do túmulo o professor Mário Henrique Simonsen, o professor Roberto Campos. Traz todos os nomes e denuncia. O Brasil está liquidado com essa taxa de juros. Não pode continuar assim”.

 


Além de um vice-presidente leal – característica rara, que costuma emergir apenas entre aqueles que um dia poderão se firmar como estadistas –, Alencar foi, no meio político, o mais tenaz expoente no exercício do poder na luta contra o câncer. Sobreviveu a diversas recidivas. E, a cada nova cirurgia, telefonava para algumas jornalistas e detalhava o estágio da doença, o tratamento e as chances de sucesso.

 

Marcou época, num tempo em que a palavra “câncer” vinha carregada de sombria perspectiva. Mas Alencar tinha plena consciência de que a sua saúde era assunto de interesse público, nesse sentido, esclarecia cada passo da evolução do tratamento. Quando morreu, aos 79 anos, Alencar já havia encerrado o segundo mandato de vice-presidente, tendo assumido por 61 vezes a Presidência da República, um saldo de 398 dias.

 

Há muito o diagnóstico de câncer deixou de ser uma frase maldita. Em abril de 2009, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), apontada como provável candidata do PT à Presidência, anunciou um linfoma em estágio inicial. Dilma retirou o tumor. Tratou-se, elegeu-se, exerceu o primeiro mandato; reelegeu-se, sofreu um impeachment de caráter político que o PT trata por “golpe”; concorreu e perdeu a eleição para o Senado Federal em 2018; hoje é presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como banco dos Brics. Pessoas adoecem de câncer, tratam-se, muitas o fazem enquanto exercem cargo público. E neste caso, José Alencar segue como referência.

 

 

Fuad Noman anunciou que tem câncer. Está ali um homem de 77 anos, que declara o enfrentamento a uma doença. É evento, como poderiam ser tantos outros percalços, que expõe a profunda fragilidade da vida. Para além do aspecto pessoal e humano, sob a perspectiva política, contudo – campo em que o cálculo pragmático se impõe, em particular no período eleitoral – a notícia do câncer trouxe, no meio político, duas reações.

 

A primeira, a mais óbvia, indagação. Como tal notícia repercutirá sobre o eleitorado? É assunto que desperta atenção, solidariedade, tem potencial para ampliar a visibilidade e o nível de conhecimento do prefeito. A outra é também temática que pode suscitar dúvidas e inseguranças em quem vota, uma vez que o tratamento poderá acarretar afastamentos mais longos.

 

 

Dizem que na vida o que importa é a caminhada, não o destino. Por aqui estão mulheres e homens, em suas características positivas e negativas, navegando entre dores, alegrias, sucessos e derrotas. Pessoas que transitam entre atos corriqueiros e ações que podem deixar legados, passadas para a imortalidade. Em toda essa caminhada, entre esperanças, sonhos, cálculos pragmáticos e conchavos de poder, não perder a sensibilidade e a empatia é o que conta, ao final das contas.

 

Amizade

 

 

Antes de fazer o pronunciamento em que informou a sua condição de saúde, o prefeito Fuad Noman (PSD) telefonou ao ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD). Kalil manifestou solidariedade e confiança na recuperação. Irá visitar Fuad.


Quimioterapia

Fuad Noman recebeu o diagnóstico de câncer em meados da semana passada e fez a primeira quimioterapia na sexta-feira. O médico está otimista: o tumor não é agressivo, tem tratamento com índices positivos de cura.


Codemig

O deputado estadual Professor Cleiton (PV) apresentou nesta quinta-feira proposta de emenda constitucional para permitir a transferência à União das ações que garantem o controle direto ou indireto pelo estado da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig). “A Codemig é a detentora das concessões de lavra de mineral sólida e dos respectivos direitos e obrigações. Mas, atualmente, em caso de venda da Codemig, as concessões de lavra devem ser anteriormente repassadas ao estado, conforme prevê o art. 87 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). Mas isso faria com que, na federalização, a Codemig não tivesse o devido valor para abatimento da dívida”, assinala o parlamentar.


Políticas públicas e mulheres

 

 

“A importância de garantir políticas públicas para as mulheres nos municípios” é o tema do seminário que será realizado na próxima terça-feira, 8 de julho, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Organizado pelo mandato da deputada federal Ana Pimentel (PT) e pelo Legislativo estadual, terá a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. A prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), e a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), também estão entre as participantes.

 

Para jovens

Edilene Lôbo, ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), irá proferir a palestra “Empreendedorismo e os impactos sociais” nesta sexta-feira, na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), no encerramento do semestre do programa Fiemg Jovem.

 

Desvairado

Quando tratava do caso de medida protetiva à menina de 12 anos, que se sentiu assediada por professor, o desembargador Luis Cesar de Paula Espindola, da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, criticou o que chamou de “discurso feminista”. Afirmou que “as mulheres estão loucas atrás dos homens". Votou contra a medida protetiva. O desembargador foi condenado em março de 2023, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por agressão à irmã, mas a corte permitiu que ele retornasse ao cargo. Ele também foi absolvido de denúncia por lesão corporal contra uma dona de casa, sua vizinha, após a vítima e as testemunhas não comparecerem a depoimento.