
Pai tem que ser consciente
Pai legal é aquele que respeita a mãe dos seus filhos, é aquele que ensina seus filhos, por meio de palavras, e principalmente pelo exemplo
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Hoje é Dia dos Pais e agosto é o mês da conscientização pelo fim da violência contra a mulher. A campanha Agosto Lilás, criada para reforçar a importância da Lei Maria da Penha, vai além das denúncias formais: é um momento para refletir sobre os tipos de violência que não aparecem nos noticiários, mas deixam cicatrizes profundas, inclusive no funcionamento do cérebro. O pai tem que ser consciente, precisa refletir e conversar com os filhos sobre temas delicados como esse.
Mais de 70% das notificações de violência contra as mulheres ocorrem dentro de casa. Esses dados do Ministério das Mulheres mostram que é em casa que mora a violência doméstica. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, uma mulher é assassinada a cada seis horas e, a cada um minuto e meio, é registrado um caso de violência física, sexual ou moral. A maioria dos agressores são parceiros íntimos ou outros membros da família.
A psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em comportamento, destaca que a violência psicológica e emocional, muitas vezes invisível, pode ser tão devastadora quanto a física. “Estamos falando de relações marcadas por humilhação, controle, gaslighting, isolamento social e manipulação afetiva. Isso não deixa roxo no braço, mas pode desorganizar o sistema nervoso e comprometer áreas ligadas à memória, atenção, autoestima e capacidade de tomar decisões.”
O cérebro feminino exposto constantemente a ameaças emocionais entra em estado de alerta crônico. “O sistema de defesa se ativa, liberando altos níveis de cortisol. A longo prazo, isso pode levar a quadros de ansiedade, depressão, confusão mental e até alterações cognitivas.” Em avaliações neuropsicológicas, a especialista relata que muitas mulheres apresentam queixas de esquecimento, insônia, dificuldade de foco e sensação de estarem 'desconectadas de si mesmas'. “Esses sintomas são comuns em vítimas de abuso emocional. É como se o cérebro estivesse tentando sobreviver a um campo de batalha invisível”, diz.
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Segundo a psicóloga, é importante desconstruir a ideia de que só existe violência quando há agressão física. “Frases como ‘você está louca’, ‘ninguém mais vai te querer’, ‘isso é culpa sua’ são formas de violência que destroem a autonomia emocional da mulher e precisam ser levadas a sério”, destaca.
Alguns sinais de violência são:
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Medo constante do parceiro
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Baixa autoestima repentina
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Isolamento de amigos e familiares
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Culpa excessiva e
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Alterações de comportamento
Nem sempre a vítima consegue sair da relação de forma imediata - o primeiro passo é o acolhimento sem julgamento. “A violência contra a mulher é também um problema de saúde mental pública. Precisamos oferecer espaços seguros, redes de apoio e acesso à psicoterapia, para que ela possa se reconhecer como vítima e se fortalecer emocionalmente. Quem vive em uma relação que se diminui, se assusta ou se faz duvidar de si mesma o tempo todo, isso não é amor. É violência e quem sofre disso precisa saber que nunca está sozinha.”
Pai legal é aquele que respeita a mãe dos seus filhos, é aquele que ensina seus filhos, por meio de palavras, e principalmente pelo exemplo. É aquele que sabe ser homem de verdade, que conhece suas emoções, que se permite sorrir e chorar. O bom pai é aquele que tem consciência de que as atitudes dos homens em relação às mulheres precisa mudar.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.