As mulheres estão escolhendo ter menos filhos ou não ter filhos, porque o custo de um filho na vida de uma mulher é muito alto -  (crédito: pixabay)

As mulheres estão escolhendo ter menos filhos ou não ter filhos, porque o custo de um filho na vida de uma mulher é muito alto

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Mulheres têm decidido ter menos filhos. Já não se fazem mais mulheres como antigamente, e motivos não nos faltam para essa decisão, mas a diminuição na taxa de natalidade pode se tornar um problema para a economia, o que já é uma preocupação para muitos governos.


Na última quinta-feira (22), foram divulgadas as primeiras projeções de população do IBGE baseadas no Censo Demográfico de 2022. Segundo essas projeções, a população brasileira vai parar de crescer em 2041, quando o país atingirá 220.425.299 habitantes. A partir de 2042, a população começará a diminuir.

 

 


Sobrecarga materna, burnout materno, salários menores para mulheres e desvalorização do trabalho de cuidado são consequências do maternalismo que coloca nas mulheres toda a responsabilidade com o cuidado dos filhos, quando essa responsabilidade deveria ser de todos.


As mães se cansaram de poder contar com ajuda, porque quem apenas ajuda não se responsabiliza, e o que pesa é a responsabilidade. Essa responsabilização nos leva ao colapso. Vera Iaconelli fala sobre isso no livro “Manifesto Antimaternalista”.

 


Porque hoje uma mulher pensaria em ter muitos filhos ou mesmo em ter filhos sabendo que toda a responsabilidade recairia sobre ela? Basta olhar para o número de crianças sem o nome do pai no registro ou a quantidade de crianças que foram abandonadas pelos pais depois de o casal ter se separado. Tem muito homem que até é pai enquanto está com a mãe, mas se o relacionamento do casal termina, ele também encerra o papel de pai, como se existisse ex-filho.


Função materna e função paterna são distintas. Mesmo quando são dois pais ou duas mães, ou quando existem outros cuidadores para a criança. Mãe é mãe, não é pai e mãe, não é pai e mãe. Não é pãe. Pai faz falta. Rede de apoio faz falta. Suporte para as mães faz falta.


Estamos cansadas de carregar o mundo nas costas. Chegou a hora de os governos repensarem esse formato maternalista que deixa toda a responsabilidade em relação às crianças para as mães.


Para a sociedade, o filho é o principal projeto de vida de uma mulher. É sua realização social. Compra-se a ideia de que uma mulher só é completa após a maternidade. Uma mulher que escolhe não ser mãe sempre é julgada. Se ligou as trompas antes dos 30 anos, sem ter filhos, pois assim decidiu, é egoísta ou vai se arrepender depois. Como se fosse uma escolha antinatural.


Homem não. Homem não precisa ser pai, não existe toda essa cobrança social. Homem pode escolher se quer ser pai ou se não quer. Até quando já tem filhos, e decide que vai deixar de ser pai. Não há julgamento, o filho é da mãe.


Quando a mãe confessa que se arrependeu da maternidade, dá-lhe pedradas! Quando uma mulher diz que se arrependeu de ter tido filhos, não significa que ela não ame seus filhos, significa que o peso da maternidade é muito maior do que ela pensou que seria. Nos sentimos solitárias, sobrecarregadas, temos menos tempo para investir na carreira. Tudo que os filhos fazem de errado é culpa da mãe. Quando faz uma coisa legal, mérito do pai!


As mulheres estão escolhendo ter menos filhos ou não ter filhos, porque o custo de um filho na vida de uma mulher é muito alto. Circula nas redes sociais, atribuído a pessoas diferentes, esse pensamento: “Já não fazem mais mulheres como antigamente, ainda fazem homens como antigamente, e esse é o problema”.