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Lembro até hoje quando minha filha nasceu e fui pela primeira vez com ela ao pediatra, o saudoso Múcio de Paula. Ao final da consulta daquela bebezinha recém-nascida, ele me disse: “Nunca se esqueça: sim é sim, não é não. Se estiver na dúvida, diga que vai pensar, mas nunca diga um não e depois deixe ele virar um sim”. Isso foi um lema na minha vida com relação à educação da minha filha.
Mas quem nunca presenciou uma criança dando “aquele show” em algum lugar, após receber um “não” de seus pais? Quem já passou por isso sabe que, enquanto a criança reage dessa forma, sentimos um misto de emoções. Sentimos os olhares “cravarem” nas nossas costas e o julgamento “gritar” na nossa cabeça mais que a própria criança: “Que criança birrenta, mimada!”, “Que mãe é essa que não sabe colocar limite no filho?”. E outras desse tipo.
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Sentimos raiva, vergonha, vontade de dar uma surra no filho, mas não podemos. A psicanalista Yafit Laniado explica que é preciso ter segurança na hora de dizer não e que, em cenas como essas ,é normal que os pais sintam raiva da criança que resolve medir forças no lugar e na hora errada.
Yafit destaca que, em muitos casos, a falta de segurança dos pais em dizer não para os filhos oferece o ambiente propício para desencadear estas reações e dar início ao “show”. E ela fala a mesma coisa que o pediatra da minha filha falou comigo: “Devemos ser capazes de dizer tanto o 'não' quanto o 'sim' com a mesma segurança. E isso não significa ter essas respostas prontas na ponta da língua, mesmo antes de a criança dizer o que quer. É preciso entender o que nós, pais, queremos transmitir para nossos filhos.”
Yafit orienta que tanto a negação quanto a afirmação devem ter consistência com as regras definidas em casa. “A depender da situação, pode-se, inclusive, aproveitar o momento para trabalhar questões comportamentais. Em vez de somente negar o pedido de compra de um brinquedo, por exemplo, os pais podem aconselhar os filhos que coloquem numa lista e, assim, ajudar os filhos a organizarem seus desejos. Quando essa condução se transforma em regra da família, a criança se habitua a ela”, diz a especialista.
Quando os pais dizem não e por dentro estão inseguros, cansados e se sentindo culpados, a criança percebe e se aproveita da situação para tentar impor sua vontade de um jeito ou de outro. Aí, vai continuar insistindo, até conseguir o que quer. E o pior é que consegue.
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“Quando os pais entendem que estão fazendo o que é certo aos próprios olhos, e que esse é o seu papel, não há espaço para a dúvida. Assim, o 'sim' e o 'não' surgem da posição de liderança que os pais assumem, e os filhos aceitam a decisão”, destaca Yafit. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
