Transtornos da comunicação dificultam o aprendizado
Um dos sintomas é a dificuldade de compreender instruções, formular frases completas e expressar emoções em sala de aula
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Foi criado mais um transtorno. Acho que perdi a conta de quantos existem, pois estamos vivendo em uma época em que se tacha qualquer coisa de transtorno. A novidade da vez são os transtornos da comunicação, que têm desafiado educadores nas escolas e comprometem a aprendizagem.
Ronaldo Casagrande, vice-presidente do Instituto Casagrande, que promove seminário on-line gratuito sobre o tema de 10 a 13 de novembro, das 19h às 22h, explica esses transtornos. Segundo ele, a dificuldade de compreender instruções, formular frases completas ou expressar emoções em sala de aula pode ser mais do que timidez, mas sinalizar um conjunto de condições que afetam a fala, a linguagem, a fluência e a capacidade de se expressar e compreender o outro.
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Em ambientes que dependem da palavra como principal instrumento de aprendizagem, esses transtornos são barreiras invisíveis que afastam alunos do conhecimento, alerta Casagrande.
Pesquisas indicam que cerca de 25% das crianças em idade escolar no Brasil apresentam algum tipo de alteração de fala ou linguagem, muitas delas sem diagnóstico. Entre as mais comuns estão o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL), as alterações fonológicas e articulatórias, as dificuldades de processamento auditivo central e o mutismo seletivo, um tipo de ansiedade infantil que impede a fala em determinados contextos, como a sala de aula.
Essas condições afetam não apenas o desempenho escolar, mas também a autoestima, a socialização e o vínculo entre professores, alunos e famílias.
Claro que algumas crianças têm problemas de fala que devem ser tratados com fonoaudiólogos, mas pesquisas apontam que o segundo maior medo do ser humano é falar em público, porque a pessoa estará em posição de destaque e sujeita a rejeição, julgamentos e fracassos. Não sei se os professores estão levando isso em conta.
Tenho um amigo que usou de grande sabedoria para preparar os filhos nesse sentido. Cada filho tinha de ler um livro, à escolha. Depois de finalizada a leitura, deveria falar para os pais e irmãos o resumo da obra. As crianças eram recompensadas com pequenos mimos. Resultado: cresceram, aprenderam a amar a leitura e são ótimos oradores.
Segundo especialistas, a relação entre linguagem e aprendizagem é direta: a fala é a base da leitura, da escrita e da interpretação do mundo. A ausência de estratégias adequadas de comunicação pode comprometer todas as etapas do ensino. Casagrande reforça que preparar professores e gestores para lidar com esses desafios é fundamental para uma educação verdadeiramente inclusiva.
Por isso ele promove o seminário sobre transtornos da comunicação. A programação abordará temas como aquisição da linguagem, práticas inclusivas em sala de aula, comunicação aumentativa e alternativa (CAA) e os impactos do processamento auditivo central na aprendizagem. Inscrições no site do Instituto Casagrande.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
