
Brincadeiras antigas de volta?
Essa história de ficar o dia inteiro com a tela na mão já está criando um movimento para que a meninada aprenda a brincar
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Este jornal abordou em sua primeira página, na segunda-feira, a intenção de resgatar o carrinho de rolimã. Ele perdeu espaço porque a meninada de hoje não gosta de brincadeira nenhuma, só fica de olho nos jogos de computador, no tablet e no celular.
Tenho vários sobrinhos-netos. Tentei, geração por geração, que eles se divertissem com brinquedos do meu tempo. Nenhum quis saber de nada, só de ficar de maquininha na mão, vendo o que as outras crianças fazem.
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Tenho uma cicatriz bem grande no joelho, que consegui descendo de tábua encerada a rua em que morei na infância. Aquela com rodinha não dava, por causa do asfalto. A saída era usar só a tábua mesmo.
A brincadeira é mais do que fácil. Basta uma tábua bem encerada onde caiba a criança sentada, apoiada nos pés. A diversão era ótima em ruas cobertas de pedras, mas a tábua deveria levar muita cera. Se o calçamento fosse muito irregular, corria-se o risco de a tábua bater na pedra e a gente terminar no chão.
Soltar papagaio sempre foi importante, porque envolvia não só a construção do brinquedo, mas também a manivela e a linha. Menino de hoje não consegue nem fazer pipa, quanto mais colocá-la para voar...
Nos meus tempos de garota sem meninas na família, eu soltava papagaio em dois pontos maravilhosos: o alto da Avenida Afonso Pena, que terminava na Serra, e o terreno onde atualmente fica a Assembleia.
Andar de patins? Na cidade não tinha, e custavam muito caro. Minha irmã que morou nos Estados Unidos me mandou um par, que eu usava na Praça da Liberdade. Juntava a meninada, que vivia pedindo meus patins emprestados.
Outra brincadeira que sumiu foi o pula maré, riscado no passeio. E a bola de gude? Acho que menino moderno nunca viu uma bola de gude, que jogávamos em qualquer buraco que conseguíamos fazer na rua. Já pular corda passou a ser exercício para a saúde.
Pegador era brincadeira danada de boa quando podíamos nos esconder nas varandas e jardins das casas. Atualmente, ele vem ressurgindo em clubes.
A meninada de hoje não faz brincadeira que movimenta o corpo – só pouca coisa, perto de casa, com os pais tomando conta.
Outra brincadeira era ir para o brejo apanhar peixinhos em dia de chuva. Também nos divertíamos nas ruas onde se formavam piscinas quase naturais.
Aliás, essa história de ficar o dia inteiro com a tela na mão já está criando um movimento para que a meninada volte a brincar.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.