
Livro de Alberto Toscano narra a caçada aos judeus na Itália
Em 'Um ciclista contra o nazismo', autor italiano relembra momentos dramáticos da Segunda Guerra Mundial em seu país
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Alguém já parou para pensar que Cristo era judeu? Imagino que se pensassem assim, pelo menos por parte dos católicos os judeus seriam menos perseguidos ou olhados com restrição. A história está cheia de fatos envolvendo perseguição aos judeus.
Em seu livro “Um ciclista contra o nazismo”, Alberto Toscano conta que em setembro de 1943 os nazistas e os fascistas se organizaram e passaram a caçá-los na Itália.
“Os colaboracionistas estavam envolvidos em uma luta feroz contra a Resistência e ajudaram ativamente os nazistas em sua caçada aos judeus italianos. O Manifesto de Verona, aprovado pelos representantes fascistas em 14 de novembro de 1943, formou a base ideológica do RSI, que considerava os judeus italianos como 'estrangeiros' que deveriam ser tratados como inimigos durante a guerra e, consequentemente, internados, neutralizados e eliminados”, narra o escritor.
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Cerca de 7 mil judeus italianos foram deportados para Auschwitz e apenas algumas centenas, incluindo o químico e escritor Primo Levi, que depois publicaria suas memórias sob o título “Se isto é um homem”, voltariam. Se somarmos os números de deportados para outros campos nazistas e os de territórios estrangeiros ocupados pelos italianos, cerca de 8 mil judeus foram enviados para campos de extermínio.
“Foi uma tragédia indescritível. Felizmente, muitos judeus italianos e os estrangeiros presentes na Itália sobreviveram graças à fuga para outros países, especialmente a Suíça. E, principalmente, graças à ajuda de italianos que estavam dispostos a escondê-los. A solidariedade não foi uma palavra vazia durante este período – o mais terrível da história da Itália reunificada”, relembra Toscano.
Judeus das cidades do Norte que tentaram fugir para a Suíça, de uma forma ou de outra, foram continuamente perseguidos por unidades e colaboradores com alemães. Ao mesmo tempo, os que viviam na área em torno do lago Orta e do lago Maggiore foram presos e mortos; 57 judeus foram assassinados pelos alemães nessa parte do Piemonte durante as semanas seguintes a 8 de setembro de 1943. Este período dramático da história italiana é conhecido como o Holocausto de Lago Maggiore.
Os judeus que chegavam à fronteira suíça eram às vezes enviados de volta à Itália pelos guardas de fronteira da Confederação, sob a ameaça de serem entregues a alemães e colaboradores. A política suíça de portas fechadas não durou muito tempo e eles se tornaram acolhedores, embora muitas pessoas destituídas e perseguidas tenham sido colocadas em campos de concentração até o final da guerra, informa Alberto Toscano.
“O episódio mais atroz de perseguição antissemita na Itália, o ataque ao bairro judeu de Roma, ocorreu durante a primeira fase da invasão alemã. Era onde os judeus viviam havia quase 2 mil anos e italianos chamavam de 'lugar da Judeia'. Hoje, na área entre o Portico de Otávia e a Sinagoga, é possível saborear a gastronomia típica dos judeus romanos”, observa Toscano.
O leitor desta coluna deve ficar imaginando por que estou mergulhada nessas histórias de guerra. Acontece que, aqui e ali, percebo muitas ações e julgamento contra pessoas por causa de sua nacionalidade ou herança familiar. Não consigo entender como estes casos terríveis da Segunda Guerra foram esquecidos. Lembrar sempre é bom, costuma dar fim a preconceitos.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.