
Doce de fruta é tudo de bom
As pessoas estão deixando de lado as sobremesas muito elaboradas e valorizando aquelas feitas com frutas – domésticas ou não
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Estou cadeirante, o que dificulta minha movimentação não só dentro de casa como para atender convites. Só apareço em casa de amigos muito íntimos, porque eles aceitam a minha dificuldade de movimentação sem problemas. Nesses convites aceitos, muito alegres, voltei a notar que os doces de tradição caseira estão em alta. As pessoas estão deixando de lado as sobremesas muito elaboradas e valorizando aquelas feitas com frutas – domésticas ou não.
Com isso, ganha quem valoriza os sabores e as tradições familiares. As novas gerações não conhecem o prazer de usar, durante vários dias, panelas ou tachos de cobre para preparar doces no modo antigo de cozinhar.
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Durante muito tempo, gostei de fazer doce de laranja serra d’água, que pede paciente mão de obra. Tive alguns “fregueses” que o apreciavam, então preparava tachadas e tachadas. Freddy Chateaubriand era um deles quando morava em BH, onde dirigia a televisão que fazia parte da rede da família.
O certo é que nos últimos dias, na casa de amigos, tive o prazer de terminar a refeição com doce de fruta tradicional. Um deles é mais raro, feito apenas com a casca do limão, para ser acompanhado sempre por doce de leite. O preparo leva um bom tempo, porque, para ficar bonito, são necessários limões do mesmo tamanho e da mesma cor.
Uma vez escolhidos, são cortados ao meio, as sementes são retiradas e as partes colocadas de molho. Elas ficam assim de um dia para o outro, quando então é retirada a polpa, ficando só a casca. Levadas ao fogo com água em tacho de cobre, ou panela de alumínio, recebem uma boa fervura para ficarem macias. São deixadas esfriando na água da fervura de um dia para o outro, depois toda a água da primeira fervura é retirada. Passam para uma calda rala, ficam cozinhando até a calda engrossar.
Tenho uma coleção de tachos de cobre. Trouxe vários de Portugal, onde são muito usados e vendidos mais barato. Por aqui, há resistência a esse material, porque quando ficam muito tempo guardadas, as panelas ganham um lodo que deve ser muito bem retirado com laranja azeda, cujo nome esqueci.
A receita antiga recomenda que a casca do limão deve ser fervida por vários dias, primeiro numa calda rala. Depois, quando a calda esfriar de um dia para o outro, precisa ser levada novamente ao fogo, com mais açúcar para engrossar. A calda não deve ficar muito grossa.
O preparo parece complicado, mas é bem fácil quando se tem tempo. Quem não tem e quer terminar a refeição com um doce de fruta, basta procurar no comércio, pois têm aparecido várias qualidades nas prateleiras.
Para quem tem problemas com açúcar, a tradicional fábrica São Lourenço está produzindo doce de leite sem açúcar, que recomendo, porque é ótimo.
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