
Sábado era dia de encontrar amigos
A vida anda tão corrida para todos que os momentos de distração são cada vez menores
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Sábado sempre foi um dia feliz, porque dava como terminada a semana e comemorava a folga de domingo. Não sei o que acontece nos dias atuais, mas, como estou só, não sigo o esquema de antigamente. Sábado era dia de encontrar amigos, tomar uma cerveja e enfrentar uma feijoada que nos levava a descansar depois do almoço.
É sempre curioso como a vida vai mudando com o estado civil da pessoa. Viúva, o que ameniza os fins de semana é a família, quando comparece, e os amigos. Uma constante entre os viúvos é que procuram, enquanto podem, seguir a mesma rotina do tempo em que eram casados.
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Para homens é tudo mais fácil. Nunca conheci e nem ouvi contar que existam grupos de mulheres sem companhia que se reúnem todos os sábados para traçar uma cervejinha e depois encarar uma feijoada.
Não sei se existem mais restaurantes que servem deliciosas feijoadas, que, aos sábados, reúnem grupos de amigos, e o local termina como uma confraternização geral. A vida anda tão corrida para todos que os momentos de distração são cada vez menores.
Sempre tive uma casa aberta. Um dia, uma vizinha a quem dei uma carona me perguntou como era o meu clube. Vinham todos os amigos, com as crianças, para aproveitar a piscina e o bar que meu marido comandava.
O certo é que os tempos correm, as idades aumentam e muita gente vai morrendo. Dia desses, peguei um monte de retratos para ver e, em lugar de me alegrar, fiquei foi triste, tal o número de amigos que já se foram. Vários dos retratos mostravam até viagens que fazíamos junto com amigos.
Outro dia, recebi a visita de uma amiga que era forte comerciante, tinha várias lojas. Fechou todas e agora só pensa em viajar. Como casou filhos e filhas, não tem mais que tomar conta da família. “Agora só penso em viajar”, me disse, convidando-me para embarcar em sua programação.
Quem me dera pudesse aceitar. Com a chegada da idade, as pernas acompanharam e, como a maior parte das viagens exige muito caminhar para ver tudo de perto, as viagens estão cada vez mais raras. Nunca medi distâncias, não sei quantas vezes peguei sozinha o carro e guiei até o Rio, para passear e ir à praia.
Hoje, acho que nem dá para fazer isso, porque as praias de Copacabana e Ipanema estão impraticáveis. Para os sofisticados, parece que o morro desce e quem não vai a praias distantes prefere ficar em casa. Aliás, por falar em praias, li um dia destes aqui no jornal que o prefeito quer tornar as águas da Pampulha sem micróbios, navegável.
Vi também, em minhas fotos antigas, turma de amigos que vinham do Rio para navegar em suas águas. Não sei como é que as coisas acontecem nos dias atuais, mas a programação dos sábados era ir ao Iate, pegar um barco e navegar pela Pampulha.
Era um bom programa para sábado de sol. Antigamente as águas convidavam até a promoção de provas náuticas. Não vejo falar mais nisso. Quando existia, era uma boa ocupação para as manhãs de sábado.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.