Estudos sobre o funcionamento do cérebro vêm sendo desenvolvidos nas universidades de Rochester, Oregon Health e Washington, nos Estados Unidos -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Estudos sobre o funcionamento do cérebro vêm sendo desenvolvidos nas universidades de Rochester, Oregon Health e Washington, nos Estados Unidos

crédito: Pixabay/reprodução

 


Estudo identificou uma rede de pequenos canais de eliminação de resíduos nos cérebros de pessoas vivas. Uma espiada neste órgão do corpo humano ajuda a explicar como ele elimina resíduos como os que podem se acumular e levar à doença de Alzheimer.

 

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As células cerebrais usam vários nutrientes, o que significa que produzem muito desperdício. Cientistas há muito tempo pensam que o cérebro tem um encanamento especial para eliminar o lixo celular, especialmente durante o sono – já puderam ver isso acontecendo em camundongos. Mas havia apenas evidências circunstanciais de um sistema semelhante em pessoas. Agora, pesquisadores finalmente identificaram a rede de pequenos canais de eliminação de resíduos no cérebro de pessoas vivas, graças a um tipo especial de imagem.

 

 

Então, como o cérebro se limpa? Mais de uma década atrás, cientistas da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, relataram pela primeira vez ter encontrado a rede que chamaram de sistema glinfático. O fluido cerebrospinal usa canais ao redor dos vasos sanguíneos para penetrar profundamente no tecido e mover os resíduos até que eles saiam do cérebro.

 

Falta de diagnósticos de Alzheimer preocupa especialistas

 

Quando se injetou um dos principais culpados do Alzheimer, chamado beta-amiloide, em camundongos, ele desapareceu mais rápido quando os animais estavam dormindo. Não está claro exatamente como a rede funciona, embora pesquisas tenham mostrado que a pulsação dos vasos sanguíneos ajuda a mover o fluido de limpeza de resíduos para onde ele precisa ir.

 

Porém, tem sido difícil encontrar esse sistema em seres humanos. Exames regulares de ressonância magnética podem detectar alguns canais cheios de fluido, mas não mostram sua função, explica Juan Piantino, professor da escola de medicina da Oregon Health & Science University.

 

Alzheimer: avanços e desafios

 

A equipe de Pianino injetou um rastreador em cinco pacientes que passavam por cirurgia cerebral e precisavam de uma forma mais avançada de ressonância magnética. O rastreador “acendeu” sob essas varreduras. Com certeza, de 24 a 48 horas depois, ele não estava se movendo aleatoriamente pelo cérebro, mas por esses canais, assim como pesquisas anteriores haviam descoberto em camundongos.

 

É um estudo pequeno, mas potencialmente importante. O doutor Maiken Nedergaard, da Universidade de Rochester, prevê que ele aumentará o interesse sobre como a eliminação de resíduos cerebrais se conecta à saúde das pessoas.

 

Para testar se um bom sono ou outros tratamentos podem realmente estimular a eliminação de resíduos e melhorar a saúde, “é necessário ser capaz de medir a função glinfática em pessoas”, observa o doutor Jeff Iliff, da Universidade de Washington. A questão é se o novo estudo pode apontar maneiras de medição.

 

O sono não é a única opção. Estudos com animais mostram que um antigo medicamento para pressão arterial, agora usado para tratar o transtorno de estresse pós-traumático, pode melhorar a função glinfática. Jeff Iliff e sua colega, a doutora Elaine Peskind, estão prestes a estudá-lo em certos pacientes.
Estudos mais amplos em pessoas saudáveis são necessários. O professor Juan Piantino, cujo laboratório se concentra na saúde do sono, quer encontrar um teste mais fácil e não invasivo.

 

É o começo, mas bem promissor. Boas notícias na luta contra o Alzheimer.