Juliana Paes (Liana) protagoniza

Juliana Paes (Liana) protagoniza "Pedaço de mim", série de língua não-inglesa da Netflix mais vista no mundo

crédito: Netflix/Divulgação

“Pedaço de mim” é a série de língua não inglesa da Netflix mais vista no mundo. Estrelada por Juliana Paes e Vladimir Brichta, já ultrapassou 5,8 milhões de visualizações e está no topo da lista das produções mais assistidas da plataforma globalizada.

 

 

Com o nome “Desperate lies” (“Mentiras desesperadas”), está em primeiro lugar em vários países – entre eles, Argentina, Chile, México, Paraguai, Peru, Uruguai, Polônia e Eslováquia. Integra o Top 10 em 73 países, incluindo Itália, Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia, Grécia, Egito, Arábia Saudita e Turquia.

 

 


Na série, Juliana Paes interpreta Liana, que é casada com Tomás (Vladimir Brichta). Ela engravida de gêmeos, mas descobre que eles são de dois pais diferentes, o um caso raro de superfecundação heteroparental. Enquanto um dos pais é seu marido, o outro é alguém de seu passado (Felipe Abib), que a violenta.


Mas como isso pode acontecer? Apesar de parecer algo restrito à ficção, o fenômeno pode ocorrer na vida real. Segundo Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, a superfecundação heteroparental se dá quando, no mesmo ciclo menstrual, a mulher libera dois óvulos e cada um deles é fertilizado pelo espermatozoide de um homem diferente. A mulher, então, desenvolverá gestação de gêmeos com paternidade distinta, porque óvulos diferentes foram fertilizados por espermatozoides diferentes.

 

 

O médico explica que são necessárias duas condições para que isso aconteça.


“Primeiro, a mulher precisa ter liberado dois óvulos no mesmo ciclo menstrual, o que é incomum. Segundo, neste ciclo em que dois óvulos foram liberados, a mulher deve ter relações sexuais com dois homens diferentes para que cada um fertilize um dos óvulos”.


Fernando Prado acrescenta que é difícil determinar o intervalo de tempo em que essas relações devem acontecer, porque a ovulação e as relações sexuais devem ser no mesmo ciclo menstrual, mas existe um intervalo de alguns dias.


“Podemos pensar em um período máximo, com certa margem, de uma semana. Esse é um tempo em que os óvulos conseguiriam ser liberados e se manter vivos para serem fertilizados. Em período maior seria extremamente difícil acontecer.”

 


De qualquer maneira, a superfecundação heteroparental é um fenômeno muito raro, pois muitas coincidências precisam ocorrer simultaneamente. “A chance de um casal sem dificuldade para engravidar conquistar uma gravidez natural em um ciclo menstrual é de apenas 10 a 15%. E a probabilidade desta gravidez ser gemelar já é bastante rara por si só: de um a cada 250 nascimentos”, pontua o médico.


“Com relação à superfecundação heteroparental propriamente dita, não temos estatística precisa na literatura médica para determinar qual é realmente a chance de acontecer, pois é necessária a ovulação de mais de um óvulo no mesmo ciclo menstrual, a relação com dois parceiros diferentes em curto período, a fecundação e implantação de dois óvulos e o desenvolvimento da gravidez. Então, é extremamente raro, é praticamente como ganhar na loteria”, explica.


Segundo o especialista, em caso de suspeita de superfecundação heteroparental, a melhor maneira de confirmar o fenômeno e determinar a paternidade é por meio do exame de DNA.


Fernando Prado afirma que a superfecundação heteroparental só tem chance de acontecer em gravidez natural, mas não em procedimentos de fertilização in vitro, apesar de ser técnica conhecida por gerar gestações gemelares.


“A superfecundação heteroparental só ocorreria durante a FIV se fosse feita de maneira intencional, se o especialista propositalmente fertilizasse dois óvulos com espermatozoides diferentes. No entanto, esse tipo de conduta é vetado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).”