André Murad
André Murad
Diretor-executivo da Clínica Personal Oncologia de Precisão de BH. Oncologista e oncogeneticista da OncoLavras.
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Novembro Azul: risco genético e diagnóstico precoce - parte 2

A pontuação de risco genético parece ser muito útil para prever o diagnóstico de câncer, já que foi altamente preditivo de câncer

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Ainda sobre o Novembro Azul, seguindo o texto da última sexta-feira, os médicos generalistas realizam cerca de 800 mil encaminhamentos com suspeita de câncer de próstata anualmente no Reino Unido, de acordo com os autores. Assim, para seus estudos, pesquisadores da Universidade de Exeter analisaram o impacto da incorporação do risco genético de câncer nos processos de triagem e encaminhamento do generalista.

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Usando 269 variantes genéticas conhecidas, ligadas à doença, e dados de 6.390 homens brancos europeus do UK Biobank - cujos registros mostraram que haviam visto um clínico geral com sintomas do trato urinário inferior possivelmente devido ao câncer de próstata -, os pesquisadores calcularam o risco genético para a doença em uma única 'pontuação de risco genético', que descreve o risco genético de um indivíduo de desenvolver câncer de próstata. A medida de resultado foi o diagnóstico de câncer de próstata dentro de dois anos da consulta.


Os pesquisadores descobriram que os escores de risco genético podem melhorar a seleção de homens para investigação de suspeita de câncer de próstata na atenção primária, apresentando características clínicas. Eles destacaram que 40% dos homens com sintomas do trato urinário inferior, com o menor risco genético de desenvolver câncer de próstata, poderiam “evitar com segurança a investigação invasiva”, enquanto aqueles identificados com maior risco poderiam ser “acelerados” para uma investigação mais aprofundada.


O autor principal, Harry Green, pesquisador independente da Escola de Medicina da Universidade de Exeter, afirma que o estudo é o primeiro a demonstrar que a incorporação do risco genético na avaliação de risco clínico geral dos sintomas de possível câncer de próstata dos pacientes pode resultar em encaminhamento mais rápido para aqueles com maior risco.


Sem dúvida, esse estudo acrescenta um peso significativo de evidências de que os escores de risco genético podem melhorar o diagnóstico de câncer de próstata, garantindo que os homens com maior risco sejam priorizados para testes e tranquilizando os homens com baixo risco, evitando que eles façam o teste por completo, ou pelo menos por vários anos.


Nova estratégia para detecção precoce do câncer


A equipe de pesquisa estima que a incorporação do risco genético de câncer na triagem do generalista pode significar que 160 mil homens podem ser acelerados para uma investigação mais rápida, enquanto 320 mil deles podem evitar com segurança o encaminhamento e a investigação desagradável.


Os autores reconheceram algumas limitações de seu estudo, a saber, que se limitava à ascendência branca europeia, uma “limitação substancial” que eles expressaram, já que homens negros têm duas vezes mais chances de serem diagnosticados e sofrerem piores resultados de câncer de próstata.


Além disso, eles comentaram que, como o recrutamento ocorreu entre 2006 e 2010, quando os homens tinham entre 40 e 70 anos, a coorte é enriquecida com homens mais jovens, o que, segundo eles, pode resultar em uma superestimativa do poder da avaliação de risco genético mais forte na identificação de câncer de próstata em homens mais jovens.


Os autores alertam que, antes que os resultados do estudo possam ser incorporados à prática clínica, um ensaio clínico em larga escala será necessário para entendermos completamente os benefícios desses testes e como eles funcionam em homens de diferentes etnias.


A pontuação de risco genético parece ser muito útil para prever o diagnóstico de câncer, já que foi altamente preditivo de câncer com uma taxa de incidência de 8,1%, e o quintil de pontuação mais baixa com risco inferior a 1%.


Portanto, homens com os escores de risco mais altos poderiam ser alvo de maior triagem por encaminhamento para cuidados secundários, enquanto aqueles no quintil mais baixo poderiam ser gerenciados na atenção primária, assim economizando ansiedade e custos.


Essa estratégia, então, pode ser um exemplo claro de como podemos melhorar o diagnóstico precoce e, consequentemente, o tratamento e a sobrevida global do paciente com câncer prostático.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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