André Murad
André Murad
Diretor-executivo da Clínica Personal Oncologia de Precisão de BH. Oncologista e oncogeneticista da OncoLavras.
ONCOSAÚDE

Novembro Azul: risco genético e diagnóstico precoce - parte 1

Estudos de grande porte demonstram que o câncer de próstata hereditário é responsável por até 13% dos casos

Publicidade

Mais lidas

Novembro Azul é uma campanha de conscientização realizada por diversas entidades, no mês de novembro, dirigida à sociedade e, em especial, aos homens, para a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O ESTADO DE MINAS NO Google Discover Icon Google Discover SIGA O EM NO Google Discover Icon Google Discover

O câncer de próstata é o câncer mais comum e a segunda maior causa de morte por câncer nos homens. Cerca de 1.201.000 novos casos e 335.000 óbitos são previstos no mundo pela doença, o que corresponde a aumento em relação ao ano de 2012 de 9,7% e 9,2%, respectivamente.

No Brasil, a estimativa para 2025 é de 66 mil novos casos e cerca de 16 mil óbitos (segundo tumor que mais mata os homens. O primeiro é o câncer de pulmão). É o segundo câncer mais comum no Brasil depois do câncer de mama (excluindo-se os cânceres de pele). Representa cerca de quatro em cada 10 cânceres que atingem a população masculina brasileira com mais de 50 anos.

Problemas para urinar, sensação de que a bexiga não se esvazia completamente e sangue na urina são indícios que indicam um estádio avançado da doença. Dores ósseas, principalmente nas costas, sugerem a presença de metástases, fase em que a doença já é incurável. O diagnóstico sempre deve ser obtido antes que os sintomas surjam, para que o tratamento tenha altas chances de cura.

Fatores causais: oportunidade para uma prevenção

Vários estudos sugerem que maus hábitos alimentares, como uma dieta rica em gordura e proteína de origem animal, alimentos industrializados, enlatados, adocicados, embutidos artificialmente conservados eleva os índices de substâncias potencialmente cancerígenas no organismo, como a nitrosamina e o IGF, que é um fator similar à insulina, com propriedades estimuladoras do crescimento de células tumorais.

A obesidade e o sedentarismo igualmente elevam os riscos. Portanto, uma dieta saudável, rica em verduras, legumes, frutas, grãos e peixes além da prática regular de atividades físicas e manutenção do peso ideal seriam as principais medidas preventivas.

Embora indivíduos obesos e de descendência africana tenham maior risco de desenvolver câncer de próstata, hoje, a partir dos mais recentes estudos genéticos sobre a doença, sabemos que o principal fator de risco é hereditário e ocorre devido a mutações herdadas em genes como o BRCA-2 (menos frequentemente o BRCA-1, o TP53, o MLH1, o PMS2, o MSH6, o MSH2 e o HOXB13).

Estudos de grande porte demonstram que o câncer de próstata hereditário é responsável por até 13% dos casos e que, nessa situação, tendem a ser mais agressivos e a surgir em idade mais jovem (abaixo dos 50 anos). O risco de câncer de próstata é quatro vezes maior nos portadores de mutação no gene BRCA-1 e nove vezes maior nos portadores de mutação do gene BRCA-2.

As mutações desses genes aumentam também o risco de câncer de mama (inclusive nos homens), ovário, pâncreas e pele (melanoma). As técnicas mais modernas de sequenciamento genômico têm tornado esses exames cada vez mais precisos e acessíveis, inclusive com custos menores e possibilidade de realização de painéis com múltiplos genes ao mesmo tempo. O exame é feito com material da saliva ou sangue, preferencialmente indicado por um oncogeneticista.

A importância do diagnóstico precoce

A sobrevida em cinco anos dos portadores do câncer de próstata praticamente dobra se a doença for diagnosticada em estágios iniciais, em comparação com estágios avançados, segundo um estudo publicado recentemente na revista British Journal of Câncer.

O câncer de próstata é notoriamente difícil de se diagnosticar. Os autores desse estudo apontaram que a precisão do teste de PSA é incerta e resultados falsos positivos são comuns. Eles destacaram que apenas um em cada três homens com teste de PSA positivo tem efetivamente câncer e que uma biópsia "invasiva e desagradável" é frequentemente necessária para o diagnóstico.

Adicionando ao debate em torno do diagnóstico de câncer de próstata, no início deste mês pesquisadores da Universidade de Cambridge alertaram que os casos de câncer de próstata em estágio inicial podem ser perdidos porque diretrizes oficiais e mensagens de saúde colocam uma ênfase enganosa nos sintomas urinários.

Eles afirmam que não há evidência de uma ligação causal entre o câncer de próstata e o tamanho da próstata ou sintomas urinários masculinos problemáticos e sugeriram que o câncer de próstata precoce fosse remarcado como "principalmente uma doença assintomática" para incentivar mais homens a fazer o teste mais cedo. quando a condição é mais tratável.

Os autores do novo estudo, "Aplicando uma pontuação de risco genético para câncer de próstata a homens com sintomas do trato urinário inferior na atenção primária para prever o diagnóstico de câncer de próstata: um estudo de coorte no Biobank do Reino Unido", destacaram que, como estimativa, uma em sete (14%) das mortes por câncer de próstata poderiam ser evitadas se a doença fosse diagnosticada mais cedo.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay