Ana Mendonça
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PT em Minas dividido entre presidência e as finanças

Ao redor dessa disputa silenciosa, o partido segue girando em torno de si mesmo. Nos diretórios, nas correntes, nas mágoas acumuladas desde as eleições de BH

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Algumas mortes não chegam com sirene. Vêm disfarçadas de reforma, reorganização, eleição interna. O velho PMDB que carregava a redemocratização virou uma engrenagem fisiológica viva por fora, vazia por dentro. O PSDB não morreu no palanque: murchou nas reuniões de diretório. E o PT, que já foi movimento, parece hoje se concentrar apenas na sobrevivência.


Neste domingo (6/7), o PT mineiro decide quem assume a presidência do partido no estado. A militância histórica anda rarefeita. Os debates, esvaziados. A escolha, burocrática. Entre a deputada estadual Leninha, apoiada pela cúpula partidária, e os rastros da candidatura indeferida de Dandara Tonantzin, o que se vê não é uma disputa por projeto, mas por território interno. E isso diz muito.


A tentativa de uma ala de apagar a outra candidatura deixa o clima ainda mais tenso. Existe no ar um ressentimento não declarado, mas presente em cada voto articulado, cada mensagem atravessada em grupos de WhatsApp, cada ausência notada nas plenárias. O veto à candidatura de Dandara não foi apenas um indeferimento técnico: foi percebido como gesto político, sinal de que há quem prefira vencer por WO do que arriscar a legitimidade da disputa.


Na prática, a eleição deste domingo tem nome e sobrenome favoritos. Leninha, deputada estadual e atual vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, lidera a composição que reúne os principais nomes da corrente majoritária do partido, a CNB: Patrus Ananias, Beatriz Cerqueira, Rogério Correia, Leleco Pimentel e Gleide Andrade. Mas o apoio da máquina não significa consenso, significa força, não fervor.


Dandara, por sua vez, era apresentada como símbolo de uma nova geração. Mulher negra, nascida na periferia de Uberlândia e forjada na militância estudantil. A jovem carregava consigo o grupo de Reginaldo Lopes, deputado federal e cacique partidário, que também coleciona desafetos. Sua presença era ao mesmo tempo trunfo e fardo. Quando Dandara foi barrada, o grupo recuou da disputa pela presidência e avançou em outra frente: a Secretaria de Finanças.


A aposta agora é clara. Se não puder conduzir o partido, o grupo quer controlar o cofre. A eleição de nomes aliados ao diretório estadual pode garantir a indicação do novo tesoureiro do PT-MG, cargo hoje ocupado por Alfredo Ramos, ex-vereador de Montes Claros e aliado de Gleide.


O tesoureiro não é apenas o responsável pelos números: é quem define prioridades, assina repasses, decide para onde fluem os fundos partidário e eleitoral. Em 2024, o PT nacional recebeu R$ 620 milhões. Perder a presidência, mas controlar o dinheiro, é perder ganhando.


Ao redor dessa disputa silenciosa, o partido segue girando em torno de si mesmo. Nos diretórios, nas correntes, nas mágoas acumuladas desde as eleições de Belo Horizonte. Do lado de fora, militantes históricos assistem a tudo com distanciamento ou com tristeza. Alguns, mais jovens, já nem se identificam com a legenda.



Uma data, um motivo só?

Enquanto seguem engavetadas na Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) propostas que tentam instituir novas datas comemorativas em 7 de julho, um projeto que vai na direção oposta já avançou na Câmara de BH. A proposta, que busca limitar o uso de uma mesma data para múltiplas celebrações no calendário oficial da cidade, recebeu parecer favorável e continua tramitando. 

 

 

Recado de Lisboa

Em viagem a Portugal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) mandou um recado sutil aos colegas de Brasília: pediu “maturidade” entre os Poderes para conter a crise institucional e evitar que tudo vá parar no Judiciário. No mesmo evento, defendeu a urgência de regras para redes sociais e lamentou a paralisia do Congresso no tema.

 

 

Coincidência ou ensaio?

Sobre a foto divulgada ontem pelo Estado de Minas, em que Nikolas Ferreira (PL) aparece ao lado de Mateus Simões (Novo), aliados garantem: foi tudo coincidência. Segundo interlocutores, o encontro não passou de uma confraternização entre amigos “nem estava marcado”, dizem. Só velhos amigos trocando brindes e sorrisos.

 

 

Nos bastidores da CPMI do INSS

Foi dito à coluna que o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) só aguarda o retorno ao Brasil para bater o martelo: Nikolas Ferreira (PL-MG) deve ser nomeado relator da CPMI do INSS. Se confirmado, o movimento representa uma vitória estratégica para o PL, que mira protagonismo na comissão.

 

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