ALESSANDRA ARAGÃO
Alessandra Aragão
Comunicadora, trabalha com desenvolvimento humano, atuando em terapia sistêmica, mentoria positiva e coaching de vida e carreira
(RE)INVENTE-SE

Diminua a distância

Toda relação precisa, em algum momento, de uma boa conversa, aquela que desarma, esclarece e reconstrói o que o silêncio tentou apagar

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Muitas relações se perdem no silêncio. Não é um grande rompimento que as dissolve, mas os pequenos desencontros do cotidiano: aquelas palavras não ditas, os gestos interrompidos, os olhares que deixaram de se encontrar.


Quantas vezes você já deixou de expressar o que sentia? Talvez com uma amiga(o), um pai, uma mãe ou o parceiro(a) amoroso(a).

Às vezes basta uma palavra atravessada, um olhar impaciente, um tom de voz mais duro do que o habitual, para que algo se desalinhe por dentro. O cérebro se confunde, o coração se retrai e o vínculo se distancia, mesmo sem intenção.

Mas como nada é dito, ficam as perguntas ecoando: o que foi? O que aconteceu? O que eu fiz? E quanto mais o tempo passa, mais o “problema” ganha corpo.

Meu pai costumava dizer, ao falar de casamento: “Tem que dormir de mãos dadas todos os dias”. Seja o que for, resolva antes do dia acabar. Não leve a mágoa para o amanhã, porque ela cresce no escuro.

É claro que há momentos em que o melhor é se afastar por instantes, deixar a poeira baixar, esperar o coração amansar. No calor da discussão, ninguém se escuta. É como se um falasse em inglês e o outro em japonês: todos ouvem, mas ninguém compreende. Ainda assim, a distância raramente nasce de uma grande briga. E mesmo quando ela acontece, é a conversa sincera que reabre o caminho.

Toda relação precisa, em algum momento, de uma boa conversa, aquela que desarma, esclarece e reconstrói o que o silêncio tentou apagar. Porque é o diálogo que restabelece a ponte, e não o orgulho que a mantém erguida.

Ela começa, na verdade, no silêncio. No dito não compreendido, no que se deixa passar. E, sem perceber, começamos a escolher o momento para estar, ou para evitar estar com aquela pessoa. Aos poucos, o elo se desfaz.
Em muitos casos, o que mantém a distância não é a falta de amor, mas o excesso de orgulho. Há quem espere o outro dar o primeiro passo, pedir desculpas, enviar a mensagem. E, enquanto isso, o tempo se encarrega de ampliar o abismo entre os dois. O ego sussurra que ceder é sinal de fraqueza, que quem procura primeiro “perde”. Mas o que realmente se perde é a paz.

Na tentativa de ter razão, acabamos ficando sozinhos dentro da própria razão e de coração fechado. O amor, as amizades e os laços familiares pedem espaço para o diálogo.

Reconhecer o próprio erro, dar um passo em direção ao outro, dizer “senti sua falta”, “me desculpa”, “há algo que eu possa fazer para reparar minha falha”, tudo isso requer coragem, não submissão.

O ego grita para ter razão; a alma apenas sussurra pedindo reconexão. Enquanto o ego busca vencer, a alma só quer compreender. Talvez o segredo esteja em silenciar o barulho de fora para ouvir o que dentro pede calma. Diminuir a distância é escolher a paz em vez do orgulho. É reconhecer que, às vezes, abrir mão da razão é abrir espaço para a conexão.

O silêncio pode ser uma defesa, mas o afeto é sempre um convite. Quando escolhemos escutar, compreender e nos aproximar, abrimos caminho para que o amor, em todas as suas formas, volte a respirar.

Como disse Carl Jung: “Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro”.

O ego separa. O amor aproxima. E você, de quem precisa se aproximar hoje?

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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