Expedição refaz rota de Darwin e alerta sobre clima
Após 40 mil milhas náuticas, veleiro holandês retorna a Roterdã com advertências sobre degradação ambiental, mas também com mensagens de esperança e inspiração
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Siga noOs tripulantes de uma expedição científica, que percorreu o mundo inspirada nas viagens de Charles Darwin, retornaram no final do mês passado à cidade holandesa de Roterdã com advertências sobre as mudanças climáticas, mas também com uma mensagem de esperança.
O majestoso "Oosterschelde", de três mastros, último vestígio de uma frota de escunas holandesas que cruzaram os mares no início do século XX, foi recebido com honras após percorrer mais de 40 mil milhas náuticas (74 mil quilômetros).
Mais de uma dezena de embarcações, de veleiros a barcos a vapor, soaram suas sirenes em homenagem ao "Oosterschelde", que também recebeu saudações com “canhões d’água” dos bombeiros, enquanto centenas de pessoas aplaudiam a tripulação nas margens.
O navio seguiu a mesma rota de Darwin em 1831, zarpando do porto britânico de Plymouth em agosto de 2023, em uma longa viagem que reproduziu as principais etapas do naturalista britânico a bordo do "HMS Beagle".
Das Ilhas Malvinas ao extremo sul da África, das Ilhas Galápagos à Austrália, a jornada acompanhou de perto a expedição que inspirou a teoria da seleção natural descrita em "A origem das espécies".
Durante o trajeto, jovens cientistas de 18 a 25 anos embarcaram para estudar espécies observadas por Darwin. Lotta Baten, de 23 anos, pesquisou o impacto do turismo nas florestas de Tenerife, nas Canárias, e destacou que apenas 4% da vegetação registrada por Darwin ainda existe.
O coordenador científico Rolf Schreuder, de 55 anos, afirmou ter visto como o mundo natural “se degrada em muitos lugares”. Ainda assim, o jovem Daan van Roosmalen, que embarcou aos 17 e retornou aos 19 anos, ressaltou a esperança trazida pelo engajamento dos jovens.
“Acredito que é muito importante continuarmos inspirando os jovens a cuidar do nosso mundo, porque somos nós que vamos assumir o comando”, afirmou.
“Ver tantos conservacionistas dedicando seus esforços à Mãe Terra deveria inspirar ainda mais pessoas a cuidar do planeta”, concluiu.
Seleção natural
Charles Darwin (1809–1882) foi o naturalista inglês que revolucionou a ciência ao formular a teoria da evolução das espécies por seleção natural. Nascido em Shrewsbury, iniciou estudos em medicina e teologia, mas dedicou-se ao estudo da natureza. Em 1831, embarcou no navio HMS Beagle em uma expedição de quase cinco anos que percorreu a América do Sul e ilhas do Pacífico. As observações feitas, especialmente em Galápagos, inspiraram sua obra mais famosa, “A Origem das Espécies” (1859), onde apresentou a ideia de que os seres vivos se transformam ao longo do tempo e os mais adaptados sobrevivem. A teoria enfrentou resistência, mas tornou-se fundamento da biologia moderna. Darwin morreu em 1882 e foi sepultado na Abadia de Westminster, sendo lembrado como um dos maiores cientistas da história.